O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

2025 será um ano dos rentistas

Publicado em 22/10/2024 às 13:51

Alterado em 22/10/2024 às 13:51

Com a rendição do Bradesco, que parecia ser o último bastião conservador em matéria de elevação de juros entre os grandes bancos do país – o banco da Cidade de Deus, que vinha prevendo o fechamento da taxa Selic em 11,25% em dezembro deste ano e em 10,50% no fim de 2025, jogou a toalha e passou a apostar, como a maioria, em Selic de 11,75% em dezembro, com aumento de 0,50% na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central em 6 de novembro e de 0,50%, em 11 de dezembro, e com taxa de 10,75% em dezembro de 2025 (antes, 10,50%).

O Bradesco projeta que a Selic se eleve a 12,25% no 1º trimestre de 2025 e só comece a cair em setembro. O Itaú, que já tinha elevado as projeções no fim de setembro, prevê Selic fechando 2024 em 11,75% (com duas altas de 0,50% em novembro e dezembro), projetava a Selic em 12% de janeiro a agosto de 2025, com a primeira baixa de 0,25% em 17 de setembro, nova baixa de 0,25% em 5 de novembro e uma redução de 0,50% em 10 de dezembro.

A LCA Consultores, analisando as previsões do mercado, na Pesquisa Focus, divulgada ontem pelo Banco Central, observa que “o cenário contempla duas altas de 0,5% nas reuniões de novembro e dezembro e mais uma elevação de 0,25%, em janeiro, quando a Selic atingiria o patamar de 12,00% ao ano e aí permaneceria até out/25, quando se iniciaria o ciclo de baixa dos juros. Anteriormente, a Selic sofreria sua primeira redução em setembro”.

“A taxa Selic para o fim de 2025 voltou a subir: de 11,00% para 11,25%. Desta forma, o juro real ex-ante para os próximos 12 meses continuou em alta e supera em cerca de 0,5 ponto percentual àquele observado na última reunião do Copom. Essa elevação é observada em todos os próximos meses”. Os calendários e as previsões sempre são surpreendidos pelos fatos endóxenos às planilhas macroeconômicas (crises geopolíticas, questões climáticas).

Ganhos de bancos e rentistas

As projeções são péssimas para a economia real. As famílias, empresários industriais, comerciais e de serviços vão conviver com juros bancários altos por mais uma jornada (enquanto a Selic roda na base de 10,75% a 12% ao ano, os juros bancários oscilam a partir de 45%-40% ao ano), com grandes lucros para o setor financeiro (o encontro de Lula com os banqueiros na semana passada deve ter tratado de maior taxação sobre os lucros bancários, nas entrelinhas).

Já, os investidores rentistas, que ganham dinheiro sem fazer força, vão lucrar quase 1% ao mês ao longo de todo o próximo ano. Se a Selic atingir 13%, já vão ganhar mais de 1% ao mês. Um desestímulo para os investimentos produtivos voltados à melhoria da produtividade dos diversos setores da economia e dos passos indispensáveis para a transição energética.

Como ganhar dinheiro sem fazer força


OLM

Dólar anda de lado à espera das urnas

A duas semanas do pleito nos Estados Unidos, com os dois candidatos, Kamala Harris e Donald Trump investindo sobre os eleitores indecisos, o dólar teve uma trégua nos mercados cambiais de todo o mundo, caminhando no terreno da estabilidade ou de pequenas variações positivas frente ao euro, à libra esterlina e ao iene, mas com baixa de 0,12% frente ao franco suíço.

No meio desta jornada, o real, que ontem fechou a R$ 5,6939, com alta de 0,05% do dólar, abriu nesta terça-feira a R$ 5,6947, subiu a R$ 5,7165, mas não se sustentou e às 12:30 era negociado a R$ 5,6938, com ligeira baixa.

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