Direita volver chega até os juros

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O resultado das eleições municipais, com grande avanço das forças conservadoras e de direita desenha um caminho mais árduo para a reeleição do presidente Lula em 2026, ou de quem ele indicar. De certa forma, as composições que o grupo de Lula e o PT fizerem no 2º turno, vão dizer quais as forças de centro que emergiram com mais vigor das urnas e podem marchar com o presidente numa próxima candidatura à reeleição.

Numa primeira leitura do 1º turno, dois partidos tradicionais de centro, que, a exemplo dos estados-swings dos Estados Unidos, fazem pêndulo apoiando governos de propostas democráticas – o PSD e o MDB – emergiram fortes, com predomínio no número de prefeituras.

Mas foram notáveis os avanços de dois partidos: o Republicanos, o partido da Igreja Universal do Reino de Deus, mais que dobrou o número de prefeituras em relação a 2020 (+103,7%, de 216 para 440), o PL, do ex-presidente Bolsonaro, cresceu 50,3%, de 348 para 523, basicamente no voto, embora sem a conquista ainda de capital importante.

O PT teve o 3º melhor crescimento (38,5%, ampliando o número de prefeituras de 182 para 251 – e ainda disputa Porto Alegre no 2º turno). O PSB, partido que reelegeu o prefeito de Recife, João Campos, com 725 mil votos (78,11%), cresceu 20,5% em número de prefeituras.

No sentido inverso, chama a atenção o encolhimento do PSDB, que chegou a governar o país por dois mandatos seguidos (1995-2002) e chegou a ser a segunda força em prefeituras. Depois de elerger 531 prefeitos em 2020, houve fuga de filiação para o PSD em São Paulo, sobretudo, para o MDB e o União Brasil. Os tucanos encolheram 48%.

Dados nos EUA esfriam queda de juros

Dados mais fortes na criação de empregos nos Estados Unidos em setembro esfriaram as apostas de nova queda de 0,50% nos juros pelo Federal Reserve em 6 de novembro. Ao contrário, são majoritárias as apostas que queda de apenas 0,50% e cerca de 20% a 23% já admitem juros estáveis.

Em função disso, o dólar ganhou força diante de quase todas as moedas. O euro ainda avançou 0,7%, mas a libra esterlina perdia 0,18%, o iene se mantinha firme, com queda de 0,45% do dólar e o franco suíço também avançava 40%. Já em relação ao real, o dólar subia 0,43% às 14 horas, cotado a R$ 5,48.

Gasolina X Energia elétrica

O IBGE divulga nesta quarta-feira o resultado da inflação de setembro. A expectativa da Pesquisa Focus para o IPCA deu um salto com a adoção da bandeira vermelha nível 2 e os impactos da seca e dos incêndios nos alimentos. Há um mês, o IPCA esperado era de 0,36%, saltou para 0,50% e recuou para a mediana de 0,47% na semana passada, sendo que as projeções dos últimos cinco dias úteis desceram para 0,45%.

Pelo comportamento do IGP-DI, que acusou alta de 1.03% em setembro (0,12% em agosto), com altas de alimentos no atacado (o aumento da carne preocupa) e aumento de 0,63% no índice de preços ao consumidor, com um salto de -0,40% para 1,72% em Habitação provocado principalmente pelo comportamento da tarifa de eletricidade residencial (-2,09% para 7,04%).

Entretanto, no item Transporte, houve recuo de 0,82% para -0,32%, causado, sobretudo, pela baixa da gasolina, que subira 2,29% e caiu 0,96% em setembro. O peso da gasolina é o maior entre os 377 itens pesquisados pelo IBGE (5,2433%), contra 4,0423% energia elétrica residencial.

Ou seja, o comportamento da gasolina até o fim do ano vai ser importante para atenuar a pressão da tarifa de energia elétrica na bandeira vermelha 2. É que depois do salto em setembro, a variação deixa de existir. E pode melhorar quando as chuvas recompuserem os níveis dos reservatórios e permitirem a tarifação com bandeira menos onerosas.

Se as pressões amainarem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central pode adotar postura menos agressiva e só elevar em 0,25% a taxa Selic para 11,00% em de novembro. Entretanto, as projeções da Pesquisa Focus mantiveram em 11,75% a taxa Selic no fim do ano, o que pressupõe duas altas de meio ponto percentual na taxa Selic em novembro e dezembro.