O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Harris sobe e dólar cai no mundo

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Publicado em 04/11/2024 às 13:53

Alterado em 04/11/2024 às 15:52

Kamala Harris durante comício em Atlanta, na Geórgia Foto: Ansa/AFP

Apesar das previsões altistas para o dólar este ano e em 2025 e 2026, que levaram o mercado financeiro, na Pesquisa Focus, a elevar a previsão da inflação deste ano e da taxa Selic em 2025 (de 11,25% para 11,50% e 11,75% nos últimos cinco dias úteis); 2026 (de 9,50% para 9,75%) e 2027 (de 9,00% para 9,25%), o dólar caiu em todo mundo nesta segunda-feira, pelo refluxo das apostas em Donald Trump e o crescimento de Kamala Harris, numa arrancada da candidata democrata para o prazo final, amanhã, 5 de novembro.

Os mercados de capitais vinham sendo influenciados por apostas bilionárias na vitória do ex-presidente republicano, mas na reta final da eleição de amanhã, o bolso falou mais alto e os especuladores ficaram mais cautelosos diante do crescimento da candidatura da vice-presidente em estados-pêndulos.

Segundo o “Financial Times”, Kamala contaria com 226 votos no Colégio Eleitoral (191 certos e 35 muito prováveis), faltando 44 votos para a maioria de 270 votos. Já Donald Trump teria 219 votos (125 certos e 94 bem prováveis), faltando conquistar 51 votos nos estados-pêndulos para ter maioria.

Dólar cai ante euro, iene e real

Depois de fechar sexta-feira em R$ 5,8681, numa alta de 1,41%, o dólar abriu nesta segunda-feira cotado a R$ 5,8681 e atingiu a máxima de R$ 5,8697, mas não resistiu ante a baixa geral da moeda americana no mundo. Às 13 horas, o dólar valia R$ 5,76,14, numa baixa de 1,82%. E não foi a expectativa de corte dos gastos – a ser anunciada esta semana – que mudou a biruta do dólar.

Os ventos do exterior sopraram maus agouros para os que apostaram em Trump. O euro registrava alta de 0,53% depois das 13 horas (horário de Brasília), a libra tinha valorização de 0,26% frente ao dólar, que caía 0,761% perante o iene e 0,78% diante do franco suíço. E perdia 1,10% para o peso mexicano.

Focus vê estouro da meta

A previsão do mercado financeiro para o IPCA de 2024 consolida o estouro do teto da meta (3,00% de inflação + tolerância de 1,50%= 4,50%), ao elevar a previsão da inflação de dezembro de 4,55% para 4,59% (4,60% na mediana das respostas dos últimos cinco dias úteis). Só uma surpresa benéfica, como o bônus de Itaipu para redução das tarifas de energia elétrica residencial, ou uma redução da gasolina (improvável pela pressão do câmbio), poderia neutralizar as pressões altistas nos alimentos, liderados pelas carnes.

O mercado está prevendo IPCA de 0,50% em outubro, manteve em 0,20% (0,19% na mediana dos últimos cinco dias a inflação de novembro) e elevou de 0,50% para 0,55% a taxa esperada para dezembro (0,57% na mediana dos últimos cinco dias). A inflação em dezembro de 2023 foi de 0,56%.

Para 2025 o IPCA foi elevado de 4,00% para 4,03% (4,07%) nas respostas dos últimos cinco dias).

Mercado ligado nas urnas

O mercado financeiro mundial ainda está mais ligado na eleição de amanhã do que na reunião do Federal Open Market Committee -Fomc, dia 7, quinta-feira. A expectativa é de que uma vitória democrata, afastando a ameaça inflacionária de Trump, de aumento geral das tarifas de importação, para frear a entrada de produtos chineses, dê confiança ao Fed de baixar os juros em mais de 0,25%.

De qualquer forma, como o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne amanhã para elevar os juros da Selic na quarta, vai agir por conta e risco. As apostas são de uma alta na Selic em 0,50% para 11,15%, com novo salto em dezembro. Se o Fed for mais agressivo e o corte de gastos for anunciado no Brasil, há chances de o câmbio ficar menor pressionado.

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