Conta corrente tomba com balança comercial
Apesar de superar as expectativas do mercado (US$ 6,2 bilhões), o déficit em conta corrente de US$ 5,880 bilhões em outubro, registrou um tombo frente ao saldo positivo de US$ 451 milhões de outubro de 2023, em função do saldo de apenas US$ 3,441 bilhões na balança comercial (uma queda de US$ 5,148 bilhões frente aos US$ 8,689 bilhões de superávit em outubro de 2023). A conta de serviços teve saldo negativo de US$ 3,9 bilhões (-US$1,582 bi em transportes, -US$737 milhões em viagens e -US$ 866 milhões em aluguéis).
A conta de serviços veio melhor que o esperado pelo Itaú, puxada por outros serviços. A conta de rendas (-US$ 5,8 bilhões) também próximo do esperado, teve destaque na saída de US$ 2,0 bilhões na conta de juros. O déficit em conta corrente acumulado em 12 meses chegou a US$ 49,2 bilhões (2,2% do PIB), dobrando frente os -US$ 24,5 bilhões (-1,1% do PIB) em 2023.
O fluxo de investimento direto no país (IDP) foi positivo em US$ 5,7 bilhões, acima da mediana das expectativas de mercado (+US$ 5,0 bilhões). Em 12 meses, o IDP acumula entrada de US$ 66,0 bilhões (2,9% do PIB), contra +US$ 62,4 bilhões (2.9% do PIB) em 2023.
Para o Itaú, “os dados do balanço de pagamentos de outubro seguiram indicando pressão sobre a conta corrente, com continuidade do enfraquecimento do superávit comercial e as saídas em serviços e rendas ainda em nível elevado”. O banco apontou, no mês, “surpresa positiva nos serviços de “Telecomunicação, computação e informações”.
Mas o Itaú adverte que, “na margem, o déficit na conta corrente segue rodando próximo de US$ 72 bilhões (3,3% do PIB), um pouco pior do que a média histórica. O financiamento externo está em um nível relativamente confortável, mas tem piorado na margem, com o FDI não cobrindo integralmente o déficit em conta corrente e operando abaixo dos patamares registrados nos últimos anos”.
As primeiras indicações do IBGE para uma boa safra agrícola de soja, milho e algodão em 2025 (a área plantada da soja e milho está crescendo cerca de 10%) são um alento de melhora nas contas externas pela balança comercial, num ano de muitas expectativas em meio às promessas de Donald Trump elevar as tarifas de importação dos Estados Unidos e promover guerra comercial.
Lira entre firme na guerra da carne
Não foi apenas na condição de presidente da Câmara que o deputado Arthur Lira (PP-AL) bateu duro na manhã desta segunda feira na decisão do grupo francês Carrefour (que no Brasil também controla a rede Atacadão) de promover um boicote às importações de carne do Mercosul.
No começo deste mês, Lira, que também é pecuarista em Alagoas e tem rebanhos em outros estados, comprou cotas de uma vaca Nelore no total de R$ 2,5 milhões em leilão de luxo. Com as técnicas de fertilização “in vitro” de óvulos de vacas de alta genética, para posterior transplante para o útero de vacas de menor progênie, as vacas com alto teor genético podem produzir uma “ninhada” por ano e não apenas uma cria após gestação de nove meses.
O resultado é que as vacas passaram a valer bem mais do que os touros e explicam o salto da pecuária brasileira e a irritação de Lira com os franceses.
Mercado sobre juros da Selic 2025
Embora alguns sites apontem aumento da probabilidade de alta de 0,75% na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária dia 11 de dezembro, a mediana da Pesquisa Focus encerrada pelo Banco Central sexta-feira junto a 150 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa manteve a previsão anterior de alta de 0,50% para 11,75% em dezembro deste ano, mas com nova elevação na taxa Selic para dezembro de 2025. A taxa final subiu de 12,00% para 12,25% e 12,50% nas respostas dos últimos cinco dias úteis.
As previsões para o IPCA deste ano tiveram ligeira desaceleração, de 4,64% para 4,63% (voltando a 4,64% nas respostas dos últimos cinco dias úteis), todas configurando estouro do teto da mete de inflação (3,00+1,50%=4,50%). Para 2025, a previsão do IPCA também subiu fortemente, antecipando o duplo impacto da guerra comercial anunciada por Trump no câmbio e nos preços de bens transacionáveis com o exterior. O IPCA de dezembro de 2025 foi revisto de 4,12% para 4,34%, com as apostas dos últimos cinco dias úteis batendo no teto (4,49%).
O dólar é esperado em R$ 5,70 este ano e subiu de R$ 5,50 para R$ 5,55 em dezembro do ano que vem, com as apostas dos últimos cinco dias úteis chegando a R$ 5,60. Às 12;30 o dólar era negociado a R$ 5,7940, com ligeira alta de 0,12%, e o mercado testando o limite de R$ 5,80.
Na onda de subida geral, o PIB foi reestimado para cima (de 3,10% para 3,17% e 3,20% nas projeções dos últimos cinco dias úteis. Mas, diante das previsões de juros mais altos em 2025, a taxa de crescimento da economia se reduziu para 1,95% (1,94%) nas projeções dos últimos cinco dias úteis.