PIB cresce 0,9%, em 13 trimestres de alta
O IBGE fez revisões do Produto Interno Bruto de 2022, 2023 e dos dois primeiros trimestres do ano passado, quando o PIB avançou 3,2% acima dos 2,9% anteriormente anunciados. Por isso, o crescimento de 0,9% no 3º trimestre de 2024 (julho a setembro) ganha maior significado face à robustez da economia brasileira, que completou 13 trimestres seguidos de alta. Destaque para o aumento de 2,1% na taxa de investimentos no trimestre, acima dos avanços de 1,5% no consumo das famílias e de 0,8% nos gastos do governo.
De janeiro a setembro, o PIB subiu 3,3%, com alta de 3,1% nos últimos quatro trimestres. Em relação ao 3º trimestre de 2023, o indicador cresceu 4,0%. Os dados vão levar o governo a revisar para cima a projeção do PIB de 2024, que estava em 3,2%. Mas a grande notícia do 3º trimestre foi que, embora a Agropecuária, que pesa só 6,9% no PIB, continuasse negativa (-0,9%), o setor de Serviços (que representa 67,8% do PIB) liderou o crescimento, com 0,9%, seguido pelos 0,6% da Indústria (25,4% do PIB), que teve o desempenho puxado pela alta de 1,3% na indústria de transformação (15,4% do PIB).
Impacto dos juros
Mas todos os demais setores da Indústria estiveram em queda no 3º trimestre, refletindo a interrupção, em maio, da baixa dos juros do piso do sistema financeiro, a Selic, que voltou a subir em setembro. O segmento que mais sentiu o impacto foi a construção (-1,7%), seguido pela queda de 1,4% em eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos. As indústrias extrativas encolheram 0,3%, com paradas em plataformas da Petrobras.
No segmento de Serviços, já refletindo o impacto dos juros mais elevados, os segmentos mais ligados ao escoamento da produção cresceram abaixo da alta média de 0,9% do segmento, como o comércio (+0,8%) e as atividades de transporte, correio e armazenamento (+0,5%). As férias de julho e a movimentação do Rock in Rio, em setembro, turbinaram a expansão de 2,1% em Informação e comunicação. Outras atividades de serviços cresceram 1,7%. Impulsionadas pelos juros, Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados cresceram 1,5% e as Atividades imobiliárias avançaram 1,0%.
Comportamento da demanda
Ao lado do ressurgimento da Indústria, o que chama a atenção no desempenho do PIB é a recuperação dos investimentos para modernização e transição energética no parque produtivo expresso pelo crescimento de 2,1% da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo, superando pela primeira vez em muito tempo, a variação do Consumo das Famílias (+1,5%) e os gastos do Governo (+0,8%).
No setor externo, com as reduções nas safras de soja e milho, houve queda nas Exportações de Bens e Serviços (-0,6%), enquanto as Importações de Bens e Serviços avançaram 1,0% em relação ao 2º trimestre de 2024.
Comparado ao 3º trimestre de 2023, a balança comercial mostra modesto avanço de 2,1% nas exportações de bens e serviços, contra forte avanço de 17,7% nas importações, puxadas por itens como produtos químicos (incluindo fertilizantes para a esperada recuperação das safras em 2025), de máquinas e materiais elétricos e de máquinas e equipamentos (ambas voltadas para a modernização do parque produtivo (indústria e comércio). Mas houve também um forte aumento na importação de veículos automotores (carros elétricos e híbridos chineses). A escalada do dólar pode frear essas importações.
Dólar cai no mundo e ainda sobe aqui
O dólar apresenta uma jornada de desvalorização ante as principais moedas do mundo nesta terça-feira, um dia depois de Trump ameaçar quem não usar o dólar como moeda de referência em seu governo (a partir de 20 de janeiro). Apesar de nervosismo nos mercados, após a Coreia do Sul decretar Lei Marcial, diante do risco de ataque por parte da Coreia do Norte, o euro avança 0,10% frente ao dólar, que tem perda de 0,1% frente à libra esterlina. O dólar caía ao meio-dia (horário de Brasília) 0,435 frente ao iene e 0,18% diante do franco suíço. Até diante do peso mexicano o dólar caía 0,05%.
A exceção se torna o real, com nova desvalorização de 0,15%, com o dólar cotado a R$ 6,0663, confirmando ser a moeda brasileira alvo de ataque especulativo. A pressão sobre o dólar pode repercutir na inflação e levar ao estouro nas metas de inflação, no momento em que a FGV aponta queda nos preços ao consumidor em novembro em seis capitais do país.