IPCA de 0,39% fura teto da inflação com 4,87%

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Na véspera da decisão do Copom, que pode elevar os juros em 1,00%, para 12,25%, o IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro com alta de 0,39%. Apesar de superar as expectativas do mercado (0,34%) ficou 0,17 ponto percentual abaixo do IPCA de outubro (0,56%), mas a taxa no ano acumula 4,29% e subiu 4,87% nos últimos 12 meses (4,76% em outubro) e estourou definitivamente o teto da meta do ano: 4,50%. A nova baixa do dólar não melhora o cenário para a decisão do Copom.

A inflação das famílias que ganham até cinco salários-mínimos de renda (R$ 7.060) subiu um pouco menos no INPC - 0,33%, queda de 0,21 pontos frente a outubro -, mas acumulou alta de 4,27% no ano e de 4,84% em 12 meses, também furando o teto. Os produtos alimentícios, que pesam muito no INPC tiveram o 3º mês seguido de alta, acelerando de 1,11% em outubro para 1,62% em novembro.

No IPCA, que mede as despesas das famílias com renda até 40 salários-mínimos (R$ 56.480), três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em novembro. A maior variação (1,55%) foi em Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no IPCA e impactou em 0,33 p.p o índice final, puxada pela alta de 1,81% em Alimentação em domicílio, com destaque para os 8,02% nas carnes e os 11% do óleo de soja. No ano, a carne subiu 14,80% e o óleo de soja 22,98%, o que encarece a rabanada no Natal. Os dois itens tiveram forte impacto da escalada do dólar desde setembro.

Habitação, o 2º item de maior peso, teve queda de 1,53%, por influência da baixa de 6,27% em energia elétrica, pela adoção da bandeira verde, mas não neutralizou a pressão inflacionária porque Transportes, o 3º item de maior peso no IPCA, subiu 0,89%, com impacto de 0,18 p.p. Outro grande aumento veio em Despesas Pessoais (1,43 e impacto de 0,14 p.p., devido ao aumento de 14,91% no cigarro, com impacto de 0,07 p.p., pelo reajuste no IPI do fumo.

Os altos e baixos

Nos Transportes até que os combustíveis mostraram queda de 0,15%, puxadas pelas baixas dos preços do etanol (-0,19%) e da gasolina (-0,16%). Mas gás veicular (0,09%) e óleo diesel (0,03%) subiram. O que pesou mesmo foi o salto de 22,655 em passagem aérea, que teve impacto de 0,13 p.p. no índice do mês. A má notícia é que a alta nas passagens aéreas coincide com a chegada das férias escolares, que causaram alta de 4,12% em pacote turístico e de 2,20% em hospedagem, no item Despesas Pessoais.

Mas a temporada de férias reduziu os preços de Educação em 0,04% (os impactos do novo ano letivo virão em janeiro e fevereiro, Comunicação tiveram redução de 0,10% e as promoções da “black Friday” causaram baixas em Artigos de Residência (-0,31%), Vestuário (-0,12%). Até os preços de Saúde e Cuidados Pessoais tiveram queda de 0,06%, por influência das promoções em medicamentos, produtos óticos e artigos de higiene pessoal, que neutralizaram a alta de 0,57% nos planos de saúde (o impacto de 1/12 avos do reajuste anual.

Onde a inflação está mais pesada

Belo Horizonte lidera a alta da inflação em 12 meses tanto entre as 16 capitais pesquisadas no IPCA quanto no INPC. No IPCA, para a média de 4,87% no país, BH tem alta de 6,54%, mas o impacto ainda foi maior no INPC (6,74%, contra 4,84% na média nacional). São Luíz tem a 2ª maior inflação no IPCA (6,22%) e no INPC (6,02%).

Mas nas três maiores cidades do país a inflação é bem menor em ambos os índices. Em São Paulo, o IPCA acumula 5,04% e 4,74% no INPC; no Rio de Janeiro, o IPCA acumula 4,76% e 4,68% no INPC. Já em Brasília, a alta do IPCA foi de 4,47% (abaixo da média nacional e dentro da meta da inflação) e de 4,60% no INPC, esta, acima do teto. A menor inflação foi registrada em Porto Alegre (3,49% no IPCA e de 3,68% no INPC).