O OUTRO LADO DA MOEDA
Dólar cai pouco; mercado eleva IPCA acima de 5%
Publicado em 13/01/2025 às 13:39
Alterado em 13/01/2025 às 13:39
A uma semana da posse de Donald Trump, o dólar continua oscilando forte perante as principais moedas, com temor dos operadores de que o aquecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos em dezembro leve o Federal Reserve Bank a não fazer qualquer baixa de juros no primeiro trimestre. Como é o período em que as restrições alfandegárias dos EUA aos produtos importados terão efeito altista maior do que eventuais efeitos benéficos da baixa dos alimentos com a entrada da nova safra de grãos no mercado, as projeções de inflação na Pesquisa Focus divulgadas hoje pelo Banco Central apontam o risco da taxa do IPCA em 12 meses chegar a 5,2% em março. O real valorizava depois de meio-dia mais de 0,24%, com o dólar cotado a R$ 6,1040. Na sexta-feira tinha fechado a R$ 6,1053.
Por isso, as projeções de inflação para 2025 e 2026 subiram ligeiramente na Pesquisa Focus, colhida até sexta-feira, 10 de janeiro. A expectativa para este ano subiu de 4,99% para 5,00%, com salto para 5,14% nas respostas dos últimos cinco dias úteis, acima do teto da inflação (4,50%) mas a projeção da Selic foi mantida em 15% em dezembro, mesmo com a previsão para a taxa do dólar se elevando de R$ 5,90 para R$ 6,00; para 2026 o dólar subiu de R$ 5,90 para R$ 6,00, o IPCA variou de 4,03% para 4,05%, mas recuou para 4,00% (dentro do teto da meta de inflação, de 4,50%) nas respostas dos últimos cinco dias e a Selic foi mantida em 12%.
Entretanto, para 2027, com a previsão do IPCA em 3,90% (dentro do teto da meta), a Selic foi elevada de 10,00% para 10,255, diante do aumento da estimativa do dólar (de R$ 5,80 para R$ 5,82).
Projeções do começo do ano
A LCA Consultores tem previsões diferentes para os três primeiros meses deste ano, mas a tendência é de a taxa acumulada em 12 meses também superar os 5% em março.
Para janeiro, com o bônus de Itaipu, a consultoria espera queda de 16,1% na energia elétrica residencial, implicando queda de 3,86% na taxa mensal da Habitação em janeiro. Outro fator benéfico que poderia garantir a deflação de 0,03% em janeiro não confirma a desaceleração dos aumentos dos alimentos, que ainda é mais lenta do que o projetado aumento das safras de grãos (soja, arroz e milho da 1ª safra). Depois dos 1,18% em dezembro, a LCA prevê alta de 1,27% em Alimentos e Bebidas (a alta seria menor que os 1,38% de janeiro de 2024), prevê 1,02% em fevereiro (0,95% no ano passado) e 0,76% em março (0,53%).
Em fevereiro, mês em que a LCA prevê IPCA de 1,41%, além do repique de Itaipu (que faz Habitação subir 4,66%), um peso extra no começo do ano virá da Educação. Após alta de 0,12% em janeiro, as matrículas e a compra de material escolar fazem o índice de fevereiro dar um salto de 4,85% em fevereiro (4,98% em 2024). Em março a Educação deve sofrer uma desaceleração para 0,17%, com a taxa mensal do IPCA ficando em 0,76% (maior que os 0,53% de março do ano passado).
Se as projeções da LCA estiverem certas, a projeção da taxa acumulada em 12 meses do IPCA evoluiria para 4,51% em janeiro; para 4,99% em fevereiro e 5,23% em março. Um dos fatores do pessimismo da LCA está ligado ao mercado de trabalho ainda aquecido e a pressão do dólar que vai gerar alta de 5,7% na Alimentação em Domicílio, que subiu 8,22% no ano passado. Um recuo ainda insuficiente. Na minha visão, podem vir surpresas benéficas daí.
LCA prevê inflação maior que Focus em 2026
As projeções da LCA para a inflação de 2026 estão acima dos previstos na mediana da Pesquisa Focus. Enquanto a Focus aponta para 4,05% (com recuo para 4,00% nas repostas dos últimos cinco dias úteis), a LCA prevê inflação de 4,7% em 2026 e um IPCA de 4,1% em 2027, também acima da mediana da Pesquisa Focus.
A LCA prevê ainda alta de 4,4%, este ano, para os preços monitorados pelo governo e agências reguladoras, com ligeiro recuo para 4,2% em 2026.