O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Queda de 0,9% em serviços reduz PIB de 2024

Publicado em 15/01/2025 às 14:30

Alterado em 15/01/2025 às 14:30

O recuo do volume de serviços (-0,9%), de outubro para novembro de 2024, concentrado em duas das cinco atividades de divulgação: transportes (-2,7%) e profissionais, administrativos e complementares (-2,6%), colocou um viés de baixa nas projeções do mercado financeiro para o PIB de 2024. O principal setor da economia confirmou as baixas da Indústria (-0,6%) e no volume de vendas do Varejo (-0,4% no Varejo restrito e de -1,8% no volume de negócios do Varejo Ampliado – veículos, autopeças e materiais de construção, mais dependentes do crediário), indicando que a escalada das taxas de juros em setembro está travando o consumo e esfriando a economia.

Bradesco e Itaú passaram a rever para baixo suas projeções para o PIB de 2024. O Bradesco estima que “o carrego estatístico para o 4º trimestre é de 1,3%, indicando estabilidade com relação ao trimestre anterior. A receita dos Serviços cresceu 2,9% com relação a novembro de 2023. A surpresa negativa foi disseminada, e ao reponderarmos os números da PMS pelos pesos do PIB o resultado é de uma queda de 1,1%, após alta de 1% em outubro”, assinala o banco.

Com o dado de hoje, o Itaú projeta que o “carrego estatístico para o 4º trimestre de 2024 ficou em 1,3% (índice cheio) e 1,5% (serviços prestados às famílias)”. Para o banco, “o setor de serviços desacelerou em novembro. Tanto os 'Serviços prestados às famílias' quanto os 'Serviços profissionais, administrativos e complementares' foram mais fracos do que o esperado, trazendo um viés de baixa para o nosso tracking do PIB. Os dados de hoje corroboram a nossa visão de que a atividade econômica está desacelerando no 4º trimestre de 2024”.

Início da desaceleração

O Bradesco considera que “o resultado da PMS se soma às divulgações mais fracas das vendas no varejo e da produção industrial, indicando que a desaceleração da economia pode ter iniciado já no 4º trimestre de 2024. Sendo assim, estamos com um leve viés de baixa para a nossa projeção do PIB de 2024”.

O Itaú previa, em dezembro, que o PIB de 2024 cresceria 3,6% (antes era 3,2%) e desaceleraria para 2,2% este ano (antes 1,8%). Já o Bradesco, também previa 3,6% para 2024 e 2,2% para 2025, mas projeta queda maior para 2026: 1% em função dos juros elevados.

Dólar cai com inflação menor nos EUA

E os dados do CPI, indicando desaceleração nos preços ao consumidor nos Estados Unidos, que variou +0,2% em dezembro, após quatro meses seguidos de altas de 0,3%, o que reduziu a taxa acumulada em 12 meses de 3,3%, em novembro, para 3,2%, trouxeram alívio aos mercados financeiros. A leitura dos analistas é de que o Federal Reserve Bank continuará atento ao impacto das medidas protecionistas do governo Trump, que toma posse no próximo dia 20, mas agora voltaram a crescer as expectativas de dois cortes de juros (de 0,25% cada) este ano.

Depois de meio dia, conhecidos os números da inflação americana, o euro registrou alta de 0,14%, acompanhado por valorização de 0,45% da libra esterlina. No Japão. O anúncio das autoridades monetárias de que poderão elevar os juros para evitar a forte volatilidade do iene, que valorizou mais de 1% ante o dólar. O franco suíço também subia, com queda de 0,16% do dólar. A moeda canadense também reagia, com queda de 0,10% do dólar e o dólar caía 0,14% diante do peso mexicano.

No Brasil, o dólar que abriu o dia a R$ 6,0559 e chegou a subir a R$ 6,0679, caía para a faixa de R$ 6,0350 às 12:37, numa baixa de 0,37%. Vale notar que na Argentina, o governo Milei anunciou que deve reduzir o ritmo das desvalorizações do peso ante o dólar. No mercado o dólar valorizava mais de 0,05%.

Os que apostaram numa alta forte do dólar estão se desfazendo das posições diante da inversão do fluxo de dólares para o Brasil (as saídas estão se reduzindo) face ao diferencial favorável às aplicações em real, com a Selic prevendo salto de 1% em 29 de janeiro, para 13,25% e para 14,25% em 19 de março.

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