O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Dólar a R$ 5,87 cai 3,17% com Trump

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Publicado em 24/01/2025 às 15:05

Alterado em 24/01/2025 às 18:40

. Foto: Reuters/Lee Jae-Won

A opção por aplicar choques moderados de tarifas na largada do governo Trump alterou totalmente o clima dos mercados de câmbio em todo o mundo, com forte reversão das cotações. O dólar que chegou a ser negociado em 17 de dezembro a R$ 6,3144 era negociado no quinto dia de baixa desde a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, a R$ 5,8725, depois das 13 horas, com baixa de 0,87%. Na semana, a moeda americana acumula queda de 3,20% contra o real e redução de 4,85% nos últimos 30 dias. Desde o pico de 17 de dezembro, a cotação do dólar cedeu 7%.

Os movimentos baixistas do dólar, com recuo nas apostas altistas, tendem a se acentuar na próxima semana quando o Federal Reserve Bank deve anunciar seu plano de voo para 2025 na reunião do dia 29 de janeiro, três horas antes de o Comitê de Política Monetária do Banco Central reafirmar sua política de alta de 1% a cada reunião, até a de 19 de março. Além do real, chamam a atenção as mudanças em relação ao dólar canadense e ao peso mexicano. As duas moedas estavam em queda diante da ameaça de tarifa de 25% sobre suas importações em 1º de fevereiro. Mas o governo Trump está usando a ameaça como começo de conversas para, eventualmente, impor cotas.


OLM




IPCA-15 sobe 0,11% e inflação desce ao teto de 4,50%
Com surpresas em alimentação e bebidas, que tiveram alta de 1,06% em janeiro, o IPCA-15, a prévia da inflação do mês de janeiro superou as expectativas do mercado, que previam até deflação, com a queda do preço da energia com o bônus de Itaipu. Com recuo de 15,46% no mês e contribuição de -0,60 ponto percentual no IPCA-15, a energia elétrica contribuiu para a baixa de 3,43% em Habitação, mas a alta de 1,06% em Alimentos e Bebidas (1,47% em dezembro), puxada pelo aumento de 17,2% no tomate e de 7,07% no pó de café, além de alta mais moderada de 1,93% na carne. Preocupado com o impacto negativo da alta dos alimentos, o governo acena com a redução do imposto de importação sobre alimentos para aproveitar a baixa do dólar e derrubar a especulação com alguns produtos.

Mas a subida de 1,01% em Transportes, com maior impacto da alta de 10,25% nas passagens aéreas e de 1,56% no etanol, que, por entrar em 27% na mistura da gasolina, fez o produto, de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IBGE, subir 0,53% nas bombas (mesmo sem reajuste nas refinarias da Petrobras) e provocar junto com o diesel (+1,10%) e o GNV (+1,04) alta de 0,67% nos combustíveis, e também pressionar a inflação. Ela ficou dentro do teto da meta flexível, de 4,50%.

Outro fator de alta foi em Saúde e Cuidados Pessoais, com aumento de 0,64% no mês, desta vez puxado pela alta de 1% em artigos de higiene pessoas e serviços dentários.

Contas externas têm leve melhora
Apesar da saída recorde de dólares em dezembro, as contas externas tiveram pequena melhora no mês passado. A balança comercial teve perda de US$ 4,3 bilhões em comparação ao saldo de US$ 9 bilhões em dezembro de 2023. No ano, o saldo encolheu para US$ 66,218 bilhões, uma redução de US$ 26,057 bilhões frente ao saldo de 2023. A queda da produção de soja e milho teve influência no resultado, com redução de US$ 4 bilhões nas exportações, mas as importações cresceram US$ 22,1 bilhões, sobretudo partes de automóveis, eletroeletrônicos e máquinas e equipamentos, no processo de modernização industrial e crescimento da economia.

Outro grande salto foi nos gastos com serviços, que atingiram US$ 49,7 bilhões (US$ 9,8 bilhões acima dos números de 2023). A conta que mais cresceu foi em Transportes (US$ 22,6 bilhões), que incluem fretes de equipamentos de Exploração e Produção da Petrobras. Apesar dos gastos recordes em viagens no exterior (US$ 14,825 bilhões no ano passado, os turistas também gastaram mais no Brasil (US$ 7,341 bilhões) e o déficit em viagens encolheu US$ 200 milhões para US$ 7,484 bilhões.

Com o menor saldo comercial e o aumento dos gastos de serviços e juros, o déficit do balanço de pagamentos em conta corrente aumentou US$ 31,450 bilhões, para US$ 55,966 bilhões. Mas o Investimentos Diretos no País cobriram o rombo, com ingressos líquidos de US$ 71,040 bilhões, um aumento de US$ 7,6 bilhões sobre 2023.

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