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O OUTRO LADO DA MOEDA
BC sabe a hora e faz leilão de dólar
Publicado em 29/01/2025 às 15:10
Gabriel Galípolo é jovem para ter conhecido, ao vivo, o impacto da música de Geraldo Vandré, que perdeu para a vaiadíssima “Sabiá” de Tom e Chico Buarque, no Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, organizado pela TV Globo (ainda não era Rede Globo), em setembro de 1968. Mas deve ter aprendido o refrão “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, que agitou o movimento estudantil, irritou os militares (0 AI-5 viria em 13 de dezembro do mesmo ano) e atraiu tantas vaias para “Sabiá”.
Antes que o mercado iniciasse movimentos altistas em relação ao dólar, que abriu em alta nos mercados europeus contra o euro, a libra esterlina e o franco suíço, no dia da reunião do Federal Reserve Bank e do Comitê de Política Monetária, o BC revelou, às sete da manhã, os detalhes do leilão de linha de US$ 2 bilhões anunciado na véspera: seria entre 10:20 e 10:25 com base na taxa de câmbio da Ptax das 10h. para estabilizar o mercado. E conseguiu.
Na segunda intervenção cambial da gestão de Galípolo na presidência do BC, a venda, com data de recompra o dia 5 de janeiro de 2026, foi realizada pela Ptax de R$ 5,8458. O Banco Central aceitou quatro propostas, a uma taxa de corte de 5,401%. A operação busca rolar outra operação de linha realizada em 12 de dezembro, quando a autarquia vendeu 2 bilhões de dólares ao mercado com compromisso de recompra em 4 de fevereiro deste ano. Ou seja, o Banco Central se antecipou ao mercado, garantindo liquidez e evitando que a demanda adicional por dólares possa estressar as cotações da moeda norte-americana ante o real, em um dia particularmente delicado.
O importante é que o Banco Central, que fez da reversão da escalada do dólar-combinada com a elevação da taxa Selic, que hoje deve subir a 13,25%, como previsto em dezembro, a sua principal frente de batalha contra a inflação. Na oitava baixa seguida da cotação do dólar em relação ao real, negociado às 12:45 abaixo de R$ 5,85 a R$ 5,8486, numa baixa de 0,16%. Mas o mercado vem pressionando o Banco Central porque sexta-feira, 31 de janeiro, é o último dia para reversão das apostas (ajuste no dia 3 de fevereiro, primeiro dia útil) no mercado de dólar futuro, onde os que especularam com a alta do dólar estão sofrendo desde a posse de Trump, em 20 de janeiro. Para se ter uma ideia, o preço do dólar negociado dia 15 de janeiro era de R$ 6,044. No dia, o dólar caía 0,14% às 13:05, 1,37% em uma semana e 5,34% em um mês.
oOLM
LCA prevê Selic em 15%
Ao revisar o Cenário da Economia às vésperas da reunião do Copom, a LCA Consultores continua “a esperar que o Copom corrobore a sinalização que apresentou em sua reunião de dezembro, promovendo mais dois aumentos de 100 pontos-base: um nesta 4ª-feira (dia 29), e outro em 19 de março”. Entretanto, mesmo com o refluxo dólar, “dada a deterioração das expectativas de inflação, é provável que o ciclo de aumento da Selic não vá se restringir a esses dois aumentos adicionais de 100 pontos-base já sinalizados” A consultoria prevê nova alta de 100 pontos base para 14,25% em 19 de março e que ”o Copom promoverá dois aumentos adicionais, um de 50 pontos-base, em 7 de maio, e outro de 25 pontos-base, em 18 de junho, encerrando o ciclo de aperto monetário com a Selic em 15% ao ano”. Resta saber se o Comitê vai adiantar os seus passos agora ou esperar para março.
E o déficit, ó...
A LCA Consultores, depois de analisar a arrecadação federal recorde de R$ 261,3 bilhões em dezembro (+7,8% sobre dezembro de 2023 o que elevou a receita de 2024 para R$ 2.709,3 bilhões, num aumento real (descontada a inflação) de 9,6%, estima que “a projeção de primário do governo central é de +R$ 24,4 bilhões para dezembro, o que resultará em um déficit primário para 2024 de -R$ 42,4 bilhões”.
Houve quem projetasse déficit de R$ 100 a R$ 150 bilhões, desdenhando da capacidade de arrecadação, sobretudo nas pendências da Receita com grandes empresas e no CARF.
Se você, caro leitor, prestar atenção nas manchetes do noticiário econômico, (Valor em especial) verá que está cheio de “mas”.
É que as previsões pessimistas para 2024 não se confirmaram. Sobretudo porque o PIB cresceu o dobro do que o previsto, arrastando a arrecadação para cima”, mas os economistas furados em suas previsões põem dúvidas para 2025 e 2026. Assim, um dia acertam...