
O OUTRO LADO DA MOEDA
Focus: dólar e Selic caem em projeções de 5 dias
Publicado em 17/02/2025 às 17:35
Alterado em 17/02/2025 às 17:35
Os indicadores mais sensíveis da Pesquisa Semanal Focus (colhida até cada sexta-feira e divulgada habitualmente às segundas) - a mediana das respostas dos últimos cinco dias úteis – já estão mostrando a mudança, com a recente queda do dólar (que hoje se mantém praticamente estável na faixa de R$ 5,71) de expectativas do mercado financeiro quanto à cotação do dólar no fim do ano e na evolução dos juros básicos da taxa Selic.
Pela primeira vez em muitas semanas, as projeções do dólar para dezembro (de 2025 e 2026) caíram, de R$ 6,00 para R$ 5,95. Isso levou o mercado, que nas respostas dos últimos cinco dias da semana passada a apostar que a Selic chegaria a 15,25, a reduzir as apostas para 15,00%, que é a mediana do mercado. O IPCA ainda não caiu. Na mediana do mercado subiu de 5,58% este ano para 5,60%, mas já houve reversão para 5,58% nas apostas dos últimos cinco dias úteis.
As reversões do mercado sobre o dólar ficam mais claras nas projeções de câmbio e inflação dos primeiros três meses, considerando os últimos cinco dias úteis:
OLM
Itaú que previa 15,75% já vê Selic menor
Depois de assinalar que o câmbio teve “alívio temporário”, lembrando que a moeda brasileira teve apreciação expressiva no início desse ano, passando do pico de R$ 6,30 por dólar em dezembro para um patamar mais próximo de R$ 5,70, a Diretoria de Pesquisa Macroeconômica do Itaú manteve na revisão do “Cenário de Fevereiro”, divulgado hoje, a “projeção de câmbio em R$ 5,90 por dólar em 2025 e 2026”. E justifica que “apesar de algum alívio no curto prazo, os fundamentos ainda apontam para uma taxa de câmbio depreciada, principalmente diante do risco fiscal que deve seguir em patamar elevado e do dólar que deve seguir se fortalecendo globalmente, sendo apenas parcialmente atenuados pelo aumento do diferencial de juros” [entre Brasil e Estados Unidos]. Parte da melhora, diz o Itaú, “se deve ao cenário internacional, com o início do governo Trump um pouco mais ameno, com adiamento, aparentemente temporário, do anúncio de tarifas”.
Mesmo assim, o banco manteve as projeções de inflação em 5,8% para este ano [acima do teto da meta de inflação, de 4,50%] e 4,5% para 2026, com assimetria ainda altista para os dois anos.
Em relação à taxa de juros, acredita que “o Banco Central seguirá avançando em território contracionista ao longo dos próximos meses” e projeta que a taxa Selic atinja 15,75% a.a. ao final do 1º semestre desse ano”. O Itaú espera “uma alta de 100 p.b. em março, seguida de duas altas finais de 75 p.b. em maio e junho”. Mas reconhece que o “risco é de uma interrupção do ciclo de alta antes disso”, (...) diante de uma desaceleração da atividade econômica mais pronunciada ou uma acomodação da taxa de câmbio em patamares mais apreciados do que o observado recentemente. Para 2026, manteve a Selic em 13,75%.
O banco manteve “a previsão de déficits primários de 0,7% do PIB em 2025 e 2026”, avalia que o “anúncio de uma contenção de despesas discricionárias significativa, da ordem de R$ 35 bilhões, seria um paliativo importante” e destacou que “uma melhora mais consistente do prêmio de risco só ocorrerá com uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida pública à frente”.
Para o PIB foram mantidas as estimativas de crescimento para 2024, 2025 e 2026 em 3,6%, 2,2% e 1,5%, respectivamente. Apesar dos resultados mais fracos no 4º trimestre de 2024 [o IBC-Br do Banco Central teve queda de 0,7% em dezembro e variação zero no trimestre], o Itaú cita que os “dados do IDAT-Atividade indicam um desempenho melhor da economia em janeiro, em linha com a expectativa de que uma desaceleração mais acentuada (...) no 2º semestre de 2025”.
Para o mercado de trabalho, projeta que a taxa de desemprego termine 2025 em 6,8% (foi de 6,2% em 2024), subindo para 7,3% em 2026.
.