
O OUTRO LADO DA MOEDA
Férias do Congresso geram superávit
Publicado em 14/03/2025 às 13:42
Alterado em 14/03/2025 às 13:42
O Congresso entrou em recesso em 20 de dezembro, esteve de férias em janeiro e só retomou de fato os trabalhos esta semana, depois do Carnaval, ainda sem terminar a votação do Orçamento Geral da União de 2025, prevista para a próxima semana. Assim, o Orçamento está sendo contingenciado e operado em duodécimos. Com as torneiras fechadas, o resultado foi um superavit primário do setor público consolidado de R$ 104,1 bilhões em janeiro (superávit de R$ 102,1 bilhões em janeiro de 2024). No mês, o governo central e os governos regionais tiveram superávits de R$ 83,1 bilhões e de R$ 22,0 bilhões, e as empresas estatais, déficit de R$1,0 bilhão. Mas em 12 meses (11 dos quais com o OGU girando normal), houve déficit consolidado de R$ 45,6 bilhões, de 0,38% do PIB e 0,02 p.p. menor que nos 12 meses até dezembro de 2024.
Os juros nominais do setor público consolidado, apropriados por competência, somaram R$ 40,4 bilhões em janeiro de 2025, contra R$ 79,9 bilhões em janeiro de 2024. O resultado menor pesado veio do ganho de R$ 36,0 bilhões em operações de “swap” cambial em janeiro deste ano (perda de R$10,0 bilhões em janeiro de 2024). No acumulado de 12 meses, os juros nominais não deram trégua e somaram R$ 910,9 bilhões (7,67% do PIB) em janeiro de 2025, com aumento de R$ 165,4 bilhões contra os R$ 745,9 bilhões (6,77% do PIB) acumulados em 12 meses em janeiro de 2024.
Com a trava nos gastos, que incluiu o Orçamento Secreto até o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi superavitário em R$ 63,7 bilhões em janeiro. Entretanto, no acumulado de 12 meses, o déficit nominal somou R$ 956,5 bilhões (8,05% do PIB), ante déficit nominal de R$ 998,0 bilhões (8,45% do PIB) em dezembro de 2024.
Os custos da dívida
O Banco Central atualiza a cada mês os custos das dívidas públicas (liquida e bruta) consolidadas, conforme a variação de 1% no câmbio (-R$ 8,2 bilhões na DLSP e + R$ 10,8 bilhões na DBSP), de 1% na taxa Selic (+ou - R$ 54,5 bilhões na DLSP e +ou -R$ 49,5 bilhões na DBSP) e na queda ou aumento de 1% no IPCA, que indexa alguns títulos do Tesouro Nacional, (-R$ 18,8 bilhões na DLSP e -R$ 18,5 bilhões na DBSP).
A DLSP atingiu 60,8% do PIB (R$7,2 trilhões) em janeiro, queda de 0,4 p.p. frente ao PIB no mês, como reflexo do superávit primário (redução de 0,9 p.p.), do efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,4 p.p.), da valorização cambial de 5,8% (aumento de 0,7 p.p.) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,3 p.p.).
Já a DBGG – que compreende governo federal, INSS e governos estaduais e municipais – atingiu 75,3% do PIB (R$ 8,9 trilhões) em janeiro de 2025, queda de 0,8 p.p. na relação ao PIB frente a dezembro, devido aos resgates líquidos de dívida (redução de 0,8 p.p.), da variação do PIB nominal (redução de 0,5 p.p.), da valorização cambial (redução de 0,3 p.p.) e dos juros nominais apropriados (aumento de 0,7 p.p.).
Dólar volta a cair ante o real
E a semana promete fechar com boa reação do real frente ao dólar, que continua oscilando muito contra as principais moedas, refletindo o sobe e desce das tarifas. Puco após às11:30 o dólar era negociado a R$ 5,7315, em baixa de 1,15%, com o real acumulando valorização de 0,96% na semana. O euro operava em alta de 0,18, a libra tinha baixa de 0,20%, refletindo os temores de recessão no Reino Unido, o dólar subia 0,46$ contra o iene e +0,37% contra o franco suíço, mas caía 0,33% contra o dólar canadense e 0,0% contra o peso mexicano, cujos países foram atingidos pela taxação de importações.
Comércio encolhe 0,1% em janeiro
Em janeiro de 2025, o volume de vendas do comércio varejista encolheu -0,1%, frente a dezembro, na série com ajuste sazonal, e a média móvel trimestral foi de -0,2%. Influenciadas pela alta dos alimentos e as férias, que tiram muitos moradores das grandes cidades, as vendas dos alimentos tiveram queda de 0,4% em janeiro (frente a dezembro, que já registrara baixa de 0,4%). Mas os combustíveis tiveram aumento de 1,2%, depois de queda de 2,6% em dezembro.
A comparação com os fracos resultados de novembro (-1,4%) e dezembro (-1,5%) tornam a alta de 2,3% no volume de vendas do comércio ampliado um pouco ilusório de tendência, refletindo a oportunidades dos consumidores em busca de descontos nas liquidações.