Mercado em processo de revisões para baixo
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne amanhã e quarta-feira para decidir um novo aumento da Selic para 14,25% ao ano, como estava combinado. Mas, com as recentes revisões mais positivas do cenário macroeconômico, iniciadas pelo Santander na sexta-feira e confirmadas hoje pelo Itaú, pelo Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA, e pela Pesquisa Focus do Banco Central, que apontam para um alívio da Selic em dezembro (o Itaú reduziu a previsão de 15,75% para 15,25%; a Anbima, que reúne as principais instituições do mercado financeiro, baixou o nível de 15,25% para 15% (como a Pesquisa Focus), os agentes econômicos aguardam as sinalizações do Copom sobre quando a alta da Selic será revertida para fechar em 12,50% em dezembro de 2026, como é consenso da Focus.
Uma pequena parte do mercado, mais otimista, acredita que o pico da Selic se dará na reunião de 18 de junho; os otimistas moderados apostam em 30 de julho e a maioria nas reuniões de 5 de novembro e 10 de dezembro. A Anbima prevê mais duas altas de 0,50 ponto nas reuniões de maio e de junho. A expectativa é que esse patamar permaneça estável até novembro, quando deve cair 0,25 ponto percentual. O Itaú, que era dos mais pessimistas, reduziu levemente a projeção da inflação de 5,8% para 5,7% (mas o Santander elevou de 5,5% para 6,0%), mesmo com a redução das projeções do dólar, que continuou a cair no mercado brasileiro. Depois do meio-dia, em seguimento à baixa geral da moeda americana, o dólar estava sendo negociado, às 12:47 a R$ 5, 68,20, uma queda de quase 1% e a menor cotação desde 18 de fevereiro. O Itaú na sua revisão de cenário, reduziu a taxa do dólar no fim do ano de R$ 5,90 para R$ 5,75, nível previsto para dezembro de 2026. O Santander também prevê abaixo de R$ 6,0.e
De olho em Galípolo
Mas a reunião do Copom é importante porque será a primeira com definição de horizonte da nova composição, sob a presidência de Gabriel Galípolo, com seis diretores indicados pelo governo Lula. Por isso, o Santander assinala que “as atenções se concentraram em eventuais mudanças no balanço de riscos inflacionários, incluindo a própria projeção do BCB para o IPCA no horizonte relevante, e as intenções de seus próximos passos”. Para o Santander, o comunicado deve prever a continuidade do ajuste em maio, mas indicar redução no ritmo de aumentos.
Na estimativa do banco, “a projeção de inflação do BCB para o 3º trimestre de 2026 (atual horizonte relevante para as decisões do Copom) deve cair de 4,0% para 3,8%. Mas, com o comportamento do núcleo de inflação em fevereiro (pressão em serviços) e das expectativas de inflação, o balanço de riscos deve permanecer com uma assimetria altista.
Medidas de estímulo
A Pesquisa Focus apontou nova queda do PIB este ano, de 2,01% para 1,99% e 1,98% nas respostas dos últimos cinco dias úteis. O Consenso da Anbima foi de redução de 1,96% para 1,92%. Mas, o Santander, que prevê só 1,8% de crescimento para o PIB deste ano (o primeiro trimestre teria alta de 5% na agropecuária, de 1,4% na Indústria e de 11,85 nos Serviços – mesma taxa da expansão do Consumo das Famílias), lista uma série de medidas de estímulo à demanda feitas pelo governo Lula para movimentar o 2º trimestre: “serão desembolsados boa parte dos precatórios previstos para o ano (0,9% do PIB), o crédito consignado para os trabalhadores privados e a antecipação, em maio e junho, do 13º do INSS (0,6% do PIB)”. Entretanto, “os efeitos negativos e desfasados do aperto monetário deverão atingir o seu pico em meados de 2025”, o que “aumenta os riscos negativos para o 3º e 4º trimestres” deste ano e justifica previsão de alta de apenas 1,8% do PIB.
Em função da conjuntura, o Santander admite “um resultado primário melhor, no entanto, vemos necessidade de ao menos R$ 17 bilhões para serem ajustadas no Orçamento nas despesas, e riscos para receita mais para o 2º semestre de 2025 se atividade desacelerar”. O banco estima a necessidade de R$ 15 bilhões de contenção de despesas como necessários e como ideal algo na casa do R$ 30 bilhões. Isso reforça a necessidade medidas adicionais ao longo do ano. Além disso, para a percepção de risco fiscal, vimos o resultado nominal bastante pressionado, encerrando 2024 em 8,5% do PIB e revisado para 9,1% do PIB em 2025 (antes: 8,5% do PIB).
Na análise da política fiscal, os economistas da Anbima avaliam que a dívida bruta do setor público?chegará a 80,31% do PIB, em 2025, ante a projeção anterior de 81%. Já a estimativa para o déficit primário neste ano foi revisada de 0,63% para 0,66% do PIB.
Carnaval no PIX
O Banco Central anunciou hoje que entre a semana anterior ao Carnaval (23 de fevereiro e 6 de março) ocorreu a primeira tentativa do ano de ataque a dados do PIX. Nada menos que 25.349 chaves Pix: nome do usuário, CPF com máscara, instituição de relacionamento, agência, número e tipo da conta da QI Sociedade de Crédito Direto S.A, foram manipulados por hackers. Mas o BC assegura que “não foram expostos dados sensíveis, tais como senhas, informações de movimentações ou saldos financeiros em contas transacionais, ou quaisquer outras informações sob sigilo bancário”. Como, “as informações obtidas são de natureza cadastral”, elas “não permitem movimentação de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras”.
Para que as pessoas atingidas não caiam em golpe, o BC adverte que “as pessoas que tiveram seus dados cadastrais obtidos a partir do incidente serão notificadas exclusivamente por meio do aplicativo ou pelo internet banking de sua instituição de relacionamento”. Ou seja, olhem bem para avisos estranhos para identificar a origem dos e-mails. No ano passado, houve 12 ocorrências de tentativa de acesso a dados do PIX. Três bancos (CEF, BTG-Pactual e Banpará). As instituições mais vulneráveis são as instituições de pagamento, aquelas que oferecem maquininhas e serviços financeiros, mas não estão habilitadas como banco.