Se meu fusca andasse, uma breve e engraçada história

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Por RICARDO V. CAFFARELLI

Fusca

Meus caros leitores, não poderia concluir o que chamaria de ciclo básico do conhecimento automotivo mundial sem falar do carro mais vendido do mundo...

Falamos sobre o início da minha paixão pelos automóveis e nosso automóvel mais antigo da coleção (Schacht 1902), depois falamos sobre o primeiro carro produzido no mundo (patent K-Benz 1886), na sequência sobre o primeiro produzido em série (Ford Mod. T) e hoje sobre um dos mais queridos, mais amados, mais admirados e na minha opinião o campeão dos campeões de vendas, o Wolkswagen FUSCA.

Com cerca de 23 milhões de unidades fabricadas entre 1938 (na Alemanha) e 2003 (no México), passando outros países como a Austrália e Brasil, o carrinho, dentro da sua concepção original (motor refrigerado a ar traseiro) ficou realmente para a história.

Hoje, alguns exemplares são negociados por cifras altíssimas. Carros como o modelo apelidado de cornowagen (fusca fabricado no brasil somente no ano de 1966 que oferecia o teto solar como opcional), séries especiais numeradas e limitadas, além é claro das versões conversíveis originais ou mesmo versões conversíveis feitas por empresas especializadas aqui no Brasil.

Outra curiosidade são os inúmeros acessórios que foram desenvolvidos para o modelo. Alguns bem curiosos como uma máquina de fazer café, acoplada ao painel, segredo tipo cofre para o porta-luvas, persiana horizontal para o vidro traseiro, vidros laterais e traseiros feitos com um material especial (plexiglass) abaulados para criar um efeito de gosto um pouco duvidoso, mas sem dúvida original, frente do Rolls Royce, entre outros.

Como não sou especialista no modelo, para deixar seu domingo mais alegre vou resumir a história já contada quase 1 década atrás em um site exclusivo de autos antigos e clássicos de um grande amigo.
Trata-se de uma pequena aventura a bordo de um fuscão branco, que deveria ser 1971 ou 1972.
O ano, 1985, eu apenas um moleque já apaixonado por automóveis.

Meu pai adquiriu o carro de um grande amigo. Não era um carro de coleção, era um carro de uso, robusto, sem frescura.

O objetivo era deixar o carro numa fazenda que possuíamos na Zona da Mata Mineira.

Para isso, nosso motorista e fiel escudeiro iria levando o fuscão do Rio de Janeiro até a cidade de Santos Dumont, onde deixaríamos nosso carro (um belo Alfa Romeo Ti-4 1982) e seguiríamos no carrinho até a sede da fazenda. Deixando de lado o conforto da Alfa, fomos de noite e debaixo de chuva encarar a estrada de terra. O limpador de para-brisa do fusca podia também ser usado como metrônomo (para quem não conhece, é um equipamento usado para marcar o tempo da música), pois batia nos fins de curso... Na primeira subida um pouco mais íngreme o carro patinou e não subiu.... Sinal de que teríamos que dar marcha à ré, descer na lama e ajudar a empurrar o Fuka. Embala e vai... Não foi... Vamos de novo... E lá pela quinta tentativa nosso motorista abaixa mais o vidro da sua porta e já rindo sacoleja pra fora do carro a alavanca de cambio... “ Severino, não é hora para brincadeira, bota esta #### no lugar e vamos embora”, bradamos, pois estávamos exaustos e queríamos chegar logo... E ele continua rindo... Só depois caiu a ficha... A alavanca tinha partido mesmo. Ficou só um “cotoco”. Nossa sorte foi que sempre andávamos com algumas ferramentas, e uma adaptação à la macGyver, com uma chave estria e uma fenda, conseguimos encaixar uma segunda marcha que nos levou até nosso destino.

 

'Wolks, Folks, Fusca, Besourão, escarabajo ,cuca, cucarachita, huevito, são alguns dos nomes ou apelidos dados ao fusca pelo mundo afora'

 

São histórias inesquecíveis como esta que nos fazem rir. Com certeza o fusca é ator principal ou coadjuvante de muitas histórias por aí. Quantas vezes ele já levou noivas ao altar, grávidas ao hospital, cruzou continentes, deixou saudades.

Por não termos tido nenhum fusca na coleção, eu perdi a oportunidade de “estreitar relações” com o modelo, mas quem sabe um dia...


Até a próxima!