Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

As alergias são hereditárias! Será mesmo?

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Publicado em 30/01/2023 às 10:58

Wilson Rondó Jr. Foto: JB

Você acredita que as reações alérgicas são uma característica hereditária?

E se eu te disser que isso não é bem assim? A maioria das alergias são mais uma questão de “epigenética” do que de genética.

Ok! Mas o que isso quer dizer?

O epigenoma, localizado no topo do DNA, é a parte do nosso material genético não herdado, mas sim aquele que adapta os nossos genes conforme a interação com o ambiente.

Isso explica o porquê de termos tantos casos de reações alérgicas atualmente. Afinal, vivemos em um ambiente extremamente poluído e nos alimentamos com produtos cheios de agrotóxicos, pesticidas, adoçantes, corantes, antibióticos etc. Quanto mais industrializado e poluído um país, maior o grau de manifestações alérgicas.

E aí eu te faço mais uma pergunta... no tempo dos nossos ancestrais, isso era assim? E a resposta é óbvia: claro que não! Nossos ancestrais viveram um momento de total harmonia ambiental e alimentar.
Viu só como as alergias não são um erro biológico herdado? Elas são, na verdade, uma forma que nosso sistema imunológico tem para se defender das agressões naturais.

O grande problema aqui é que surgem de todos os lados medicações que prometem uma ação antialérgica. Mas a verdade é que, além de não se ver livre da alergia, você acaba ganhando uma série de efeitos colaterais.

 

O risco dos antialérgicos

Na grande maioria dos casos, os efeitos colaterais dessas medicações acabam sendo piores do que a própria alergia. Muitos provocam sonolência, alteração da pressão arterial, comprometimento da função sexual e riscos consideráveis para o fígado, rins e pele.

Mas nem tudo está perdido!

A boa notícia é que, pelo fato dessas reações serem de origem epigenética, você poderá controlar a expressão dos seus genes.

Você só vai precisar reparar o seu microbioma intestinal, já que é ali que se iniciam as manifestações alérgicas.

Talvez você não saiba, mas existe uma relação entre a quantidade de bactérias desfavoráveis no seu intestino com o surgimento das alergias. E, da mesma forma, existem mais de 85% de bactérias intestinais boas que ajudam a melhorar a resposta imunológica do seu organismo às alergias.

 

Veja como tratar o intestino e aliviar as alergias

1. Fibras prebióticas: se você quiser manter as bactérias do seu trato digestivo saudáveis, você precisa alimentá-las. E você faz isso por meio dos prebióticos que, por sua vez, agem como fertilizantes e alimentam seus probióticos para que eles possam exercer suas funções.
Para isso, combine alimentos ricos em fibras prebióticas em sua dieta. Opte por consumir maçã, banana, sementes de linhaça moídas, nozes, cebolas, alho, alho-poró e alcachofras de Jerusalém.

2. Alimentos probióticos: os probióticos se referem às bactérias boas e que equilibram a ecologia intestinal, protegendo-a contra uma enorme variedade de doenças, incluindo as alergias.
Para que você alcance esse equilíbrio, é recomendado consumir alimentos fermentados (como iogurte de leite cru de animais a pasto), além de outros lácteos cultivados como queijo e kefir, bem como kvass e kimchi, chucrute, picles e outros vegetais fermentados.

3. Suplemento probiótico: somente com o uso de probióticos podemos tratar a ecologia intestinal. Isso porque eles promovem a recuperação da imunidade e reduzem a inflamação na mucosa gastrointestinal e reações alérgicas.

Mas não estamos falando aqui de qualquer tipo de suplementação. Você precisa ficar atento se o suplemento atenda aos requisitos a seguir:

• Ter no mínimo 200 milhões de CFU (unidade formadora de colônia).
• Resista à acidez gástrica e sucos biliares, chegando no intestino em condições de promover a reparação.
• Ser um produto que tenha reputação no mercado.
• Que obrigatoriamente seja à base de Lactobacillus acidophilus.

4. Vitamina D: pouca gente sabe, mas a vitamina D é extremamente importante para o combate de alergias, inclusive a rinite.

Um estudo que avaliou uma amostragem com pouco mais de 597 homens idosos, mostrou que aqueles que tinham melhor ecologia intestinal eram os que tinham melhores níveis de vitamina D.

Já sabemos que a melhor maneira de aumentarmos os níveis de vitamina D ainda é por meio da exposição à luz solar. No entanto, algumas condições acabam dificultando essa absorção. Veja quais são:

• Após os 40 anos fica mais difícil sua assimilação, pois há uma tendência da vitamina D se depositar no tecido gorduroso da pele.
• Indivíduos de pele escura também apresentam maior dificuldade na absorção da vitamina.
• Deficiência de cofatores nutricionais como vitamina K, magnésio e cálcio.
• Uso de estatinas.
• Dietas sem ou com pouca gordura

Diante deste cenário, é recomendável que seja feita uma combinação de exposição ao sol com uma suplementação que fique entre 5.000 UI a 10.000 UI por dia.

E, para melhores resultados, essa suplementação deve ser ingerida com alimentos gordurosos. Além disso, testes periódicos também precisam ser realizados para evitar que a suplementação promova níveis tóxicos no organismo. Lembre-se de ingeri-la com alimentos gordurosos e periodicamente fazer controles para não atingir níveis tóxicos.

Também pode ser considerada a associação desta suplementação com vitamina K2 e magnésio.
Um detalhe muito importante: quem deve definir isso é o seu médico. Não faça nenhum tipo de suplementação sem antes consulta-lo.

Supersaúde!

 

Referências bibliográficas:

- Environmental Epidemiology, October 2019 – Volume 3 – Issue – p 26.
- BMC Microbiol. 2019 (1): 123.
- Front. Cell. Infect. Microbiol., 15 April 2021
- Asia Pacific allergy vol. 7,2 (2017): 65-73.
- J Investig Med. 2011;59(6):881–886.
www.drrondo.com/a-resposta-para-a-alergia-do-seu-filho-pode-estar-no-intestino/

www.drrondo.com/10-beneficios-fantasticos-dos-prebioticos/

www.drrondo.com/probioticos-podem-ser-a-resposta-para-sua-doenca-inflamatoria-intestinal/

www.drrondo.com/a-intrincada-relacao-entre-vitamina-d-e-a-ecologia-intestinal/

 


Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357

 

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