Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

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SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Excesso de ferro: Doe sangue agora

Publicado em 22/07/2024 às 11:00

Alterado em 22/07/2024 às 11:00

Atualmente, tudo que vemos nas prateleiras de supermercados é enriquecido com ferro, mas seria isso realmente necessário?

Na nossa mente, isso só valoriza mais os produtos, o que por outro lado pode ser uma forma de se ter mais ganhos com o produto pelo fabricante.

Será que estamos realmente precisando dessa suplementação?

As pesquisas atuais têm mostrado que isso tem sido suplementado mais que o necessário e que também pode levar a sérios problemas de saúde.

Antes tínhamos na nossa consciência a necessidade de suplementação de ferro, pois havia muita carência, fato esse que atualmente é o contrário.

Sabemos que o ferro realmente é essencial à vida, fazendo parte de enzimas e proteínas envolvidas no transporte de oxigênio, regulação do crescimento e diferenciação celular entre outras funções.

Tem ação importante na formação da hemoglobina (proteína no glob. vermelho) que permite o transporte do oxigênio no nosso corpo.
Então, se você tem pouco ferro no seu corpo, vai sentir cansaço, queda imunológica ou anemia por deficiência de ferro.

Porém, hoje os estudos mostram que temos cerca de 400% mais ferro do que o necessário, o que pode nos colocar em sérios riscos de saúde.

Riscos do excesso de ferro

Nosso corpo tem pouca capacidade de excretar ferro, sendo um mineral que se comporta como metal pesado, ou seja, uma vez absorvido não temos condições de excretá-lo, ficando depositado nas células, especialmente em órgãos como fígado, pâncreas, coração e cérebro.

Isso é perigoso, pois o ferro é um potente oxidante, podendo lesar o seu corpo contribuindo para diversos problemas de saúde como:

- infecção bacteriana e viral
- arritmia cardíaca
- diabetes
- Alzheimer
- câncer de fígado
- cirrose

Todos esses problemas citados tendem a ocorrer pela produção excessiva de radicais livres causada pelo ferro.

Quem tem maior risco de excesso de ferro ?

Normalmente, o homem tem maior risco de excesso de ferro, pois, diferente das mulheres, não menstrua (raramente uma mulher que menstrua tem excesso de ferro).

É mais comum o homem enfartar com mais frequência por volta dos 40 anos de idade do que a mulher, porém, quando estas param de menstruar, se igualam aos homens em poucos anos em relação a risco cardiovascular. Isso é explicado pelo aumento do ferro que tem ação oxidativa e vasoconstritora nas artérias coronarianas em particular.

Especialmente as pessoas de origem do Mediterrâneo têm tendência a reter ferro, desenvolvendo o que se chama Hemocromatose e Hemossiderose.
Além desse fator genético, outras causas comuns de excesso de ferro ocorrem quando:

1) O consumo de álcool regularmente aumenta a absorção do ferro na alimentação, portanto, consumindo carne vermelha com vinho você pode estar absorvendo mais ferro do que o necessário.

2) Cozinhar em utensílios de ferro, especialmente alimentos ácidos, aumenta sua absorção.

3) Consumo de alimentos processados ou enriquecidos com ferro na forma de ferro inorgânico, que é, longe, muito mais perigoso do que o ferro da carne.

4) Beber água de coco, que é muita rica em ferro. Procure consumir água de filtro reverso osmose.

5) Usando multivitamínicos e minerais enriquecidos com ferro. Deve-se dar preferência a produtos mais modernos que vêm sem ferro.

Como corrigir esse excesso?

O modo mais correto é através da avaliação por um exame de sangue chamado Ferritina, que é uma proteína que se liga ao ferro, sendo que, se a sua ferritina é alta, é sinal de que você está com excesso de ferro.

Os valores de ferritina devem estar entre 40 e 66 ng/ml, sendo que, abaixo, mostra deficiência, e acima desta referência significa excesso que pode levar a sérios danos de saúde.

Este é um dos testes mais importantes que todos deveriam fazer, especialmente os homens, como medida preventiva.

Como se livrar dele?

A doação de sangue é uma medida importante para reduzir esses valores com rapidez.
O uso de aminoácidos sintéticos específicos para reduzir o excesso de ferro e reparação dos danos celulares pode ser uma medida importante.

O uso de Turmeric (Curcumina) age como um quelante de ferro.


Referências bibliográficas:

- AM J. Clin Nutr, 2001 Mar; 73(3):638-46

- Mat Med 2012; Jan; 29 18(2):291-5

- Neuroimage 2011 Mar 1,55(1):32-8

- Cell Reports 2012, Aug 7

- Medical News Today 2012, Aug 13

- AM J. Clin Nutr 2001 Mar; 73(3):607-12

- Free Radical Biol Med 2006 Apr 1; 40(7):1152-60

 

Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357

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