Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

[email protected]

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Qual sabonete funciona melhor: antibacteriano ou normal?

Publicado em 28/10/2024 às 13:16

Alterado em 28/10/2024 às 13:16

Atualmente, há uma ideia na mente das pessoas, obviamente induzida pela mídia, na qual o sabonete bactericida é indicado para ser usado rotineiramente na prevenção de infecções, combate de germes. Este tipo de sabonete tem indicação específica em pré-operatórios, e não com a frequência que se está usando em restaurantes, casas, escolas etc. O uso indiscriminado pode trazer consequências desfavoráveis.

Em estudos realizados para mostrar as diferenças entre os dois tipos de sabonete, observou-se que não há nenhuma diferença significativa entre eles. Porém, o antibacteriano contém triclosan a 0,3%, o que, além de não trazer nenhuma vantagem significativa, traz uma grande desvantagem: essa substância penetra com facilidade na pele humana e entra na circulação com mais facilidade do que se imaginava.

1) Segundo os estudos, o triclosan pode causar resistência a antibióticos, por ter facilidade de disseminar bactérias resistentes. A exposição muito frequente a ele pode causar a oportunidade para certas bactérias adquirirem essa resistência.

2) Diminuição de hormônio tireoidiano (T4), observado em estudos com animais.

3) Malformação fetal, segundo estudos em animais.

4) Estímulo estrogênico em células de câncer de mama em humanos, estimulando o seu crescimento e desenvolvimento.

5) Aumento de alergias em crianças.

6) Compromete a função muscular em animais e humanos.

Outro produto muito usado são os desinfetantes de mãos à base de álcool gel, que seria uma alternativa aos produtos com triclosan. Porém, veja as suas desvantagens:

1) Por conterem de 40 a 90% de álcool, mesmo em pequenas quantidades, pode ser tóxico, em especial para crianças. Muitas escolas atualmente pedem que os alunos utilizem esse produto na sua rotina escolar.

2) Contém BPA, um químico que promove alteração hormonal, promovendo feminilização, maior risco de ginecomastia, câncer de mama e próstata. O aumento de absorção da substância é descrito em quase 200 vezes.

Dicas para lavar as mãos

A melhor alternativa é a mais antiga e simples:

Use água corrente com um sabonete normal (evitando os antibacterianos), o que deve ser repetido diversas vezes ao dia, em especial antes de se alimentar ou tocar a boca, olhos e nariz, além de antes e após usar o toalete ou fazer visitas a áreas públicas.

Deve-se lavar por cerca de 20 segundos. Muitas pessoas lavam as mãos muito rápido, cerca de 5 segundos, em média. Porém, se você deseja algo que realmente seja antibacteriano, mas não traga consequências desfavoráveis, as opções são água oxigenada a 3% ou vinagre.

Coloque um destes produtos num frasco com borrifador e pulverize na superfície das mãos. E lembre-se de não lavar em excesso as mãos, para evitar irritações da pele, ressecamentos e rachaduras – aí sim, você terá criado realmente uma boa porta de acesso aos germes!

Referências bibliográficas:

- Infect Control. Sep 1984;5(9):427-30
- Am J Infect Control. Dec 1995;23(6):337-43
- Symp Ser Soc Appl Microbiol. 2002;(31):136S-143S
- Clin Infect Dis. Sep 2007 1;45Suppl 2:S137-47
- J Appl Toxicol. Jan 2008 ;28(1):78-91
- Infect Control Hosp Epidemiol. Aug2008 ;29(8):736-41
- Journal of Allergy and Clinical Immunology. January 2013, Volume 131, Issue 1, Pages 55-66

- J Antimicrob Chemother. Dec 2015 ;70(12):3345-52


Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357

Deixe seu comentário