Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

drrondo@drrondo.com

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

O perigo do oxalato nos alimentos saudáveis

Publicado em 31/03/2025 às 06:35

Alterado em 02/04/2025 às 08:04

Certamente você já ouviu falar dos oxalatos, que podem gerar cálculos renais, em especial de oxalato de cálcio.

Além disso, tártaro dentário também pode ser causado pelo mesmo problema.

Estas consequências são de certa forma visíveis, palpáveis, mas há outros efeitos prejudiciais ocultos, e são bem mais sérios.

Podem causar inflamação, desequilíbrio mineral, disfunção mitocondrial, comprometimento do tecido conjuntivo, manifestações autoimunes, problemas intestinais e neurológicos. Na parte cardíaca, podem contribuir para arritmia, insuficiência cardíaca e alteração do endotélio vascular.

Muitas vezes, há casos que não se resolve com os tratamentos convencionais,  o que deve-se pensar, na verdade, tratar-se de toxicidade por oxalato.

Como exemplo, fibromialgia, doenças autoimunes, como artrite reumatóide e lúpus, são questões que podem estar relacionadas aos oxalatos

Oxalato

São micromoléculas presentes em muitos vegetais, sementes e nozes.

São altamente reativos, que se ligam em minerais de nosso corpo, como o cálcio, formando cristais solúveis que são facilmente absorvíveis pelo trato digestivo, especialmente nas situações de intestino poroso ou inflamado.

Com isso, atingem as células tanto do endotélio vascular como de outras estruturas celulares, ligando-se a minerais e comprometendo seu metabolismo.

Condições que aumentam sua absorção

Quando o filme de revestimento intestinal está danificado, os fatores que mais potencializam sua absorção são:

- Glifosato e ecologia intestinal

Muito frequente quando se ingere vegetais que não são orgânicos é promover um desequilíbrio entre os micróbios intestinais, causando por si só um estado de inflamação crônica nos intestinos, o que aumenta a absorção de oxalato além do risco de câncer, doença de Crohn, hepatite, esquistossomose, tireoidite, prostatite e a doença do intestino inflamatório.

- Antibioticos e ecologia intestinal

O uso frequente de antibióticos, também leva a várias formas de desequilíbrio do microbioma, potencializando a absorção de oxalato.

- Vegetais ricos em fitalatos e lectinas

Pioram a inflamação intestinal facilitando a absorção do oxalato.

Fontes alimentares de oxalato

- Batatas, batata doce, espinafre, couve flor, acelga e beterraba

- Amendoins, feijão preto, trigo sarraceno, quinoa, soja, azeitona e chocolate

- Nozes e sementes

- Frutas como: carambola (a mais rica), kiwi, peras, goiaba, figos, damasco, amoras e abacates verdes.

- Óleos e gorduras, mesmo quando extraídos de plantas, são baixos em oxalatos.

Como desintoxicar

A maneira correta é se afastar ou reduzir ao máximo essas fontes alimentares por algum tempo, permitindo que o organismo tenha condição de expulsá-los.

Mas veja, isso não significa que você precise se afastar dos seus smoothies, das suas saladas, simplesmente não insista em uma combinação monótona, repetitiva.

Procure variar ao máximo os vegetais que usa.

Aliás, isso vale para todas as fontes alimentares.

Porém, isso deve ser feito lentamente para não ter efeitos desfavoráveis de desintoxicação.

Enfatizar na dieta

Alimentos que enfraquecem as ligações dos cristais de oxalato, facilitando a sua eliminação, inclusive dos cálculos renais. Para isso inclua:

- Suco de limão – ¼ de xicara diluído em água ou no vinagre

- Água de coco natural, jovem e fresco

- Vinagre de maçã a 6% não filtrado - 02 colheres de sopa em 01 copo de água

Procure consumir gorduras boas em abundancia, proteína em moderação, vegetais com pouco oxalato e carboidrato em pequena quantidade.

Suplementos a serem associados

Além dessa atitude de reduzir as fontes alimentares que contenham oxalato, é aconselhável associar certos suplementos:

- Cálcio - É muito comum por mais estranho que pareça, que se suplemente esse mineral, mas o que os estudos mostram é que ele vai ajudar a não se formar cristais de oxalato, pois nestas dietas há frequentemente uma baixa ingesta desse mineral. Dose recomendada 1.000 mg por dia

- Magnésio - Também é indicado pois ajuda a se ligar como cálcio e enfraquecer as condições de geração de oxalato. Dose recomendada 500 mg por dia

- Potássio – Importante na desintoxicação do oxalato, protegendo a parte cardíaca e vascular. Dose recomendada é de acordo com a gravidade do caso, o que seu médico irá lhe aconselhar.

 

Referências bibliográficas:

- Br J Urol, 1979;51:427-431.

- American Journal of Kidney Diseases, April 1991;17(4):370-375.

- Scanning Microscopy, 1995;9(4):1109-1120

- Am J Clin Nutr, 2008; 87(5): 1262-7.

- National Kidney Foundation, Kidney Stones

- Ann Intern Med. 1997 Apr 1;126(7):497-504.

www.drrondo.com/glifosato-caminho-doenca-moderna/

www.drrondo.com/vinagre-de-maca-solucao-azia-indigestao-refluxo-gastrico/

 

Dr. Wilson Rondó Jr.

CRM RJ 52-0110159-5

Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo

Registro nº 058357

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