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Por Tom Leão

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TOM LEÃO

Lançamentos de janeiro: aberta a temporada de prêmios!

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Publicado em 27/12/2024 às 07:02

Alterado em 27/12/2024 às 12:55

'Anora' é um filme frenético, puxado pela ótima performance de Mickey Madison no papel-título, que já vem lhe dando vários prêmios pela atuação Foto: reprodução

Janeiro é, tradicionalmente, no Brasil, o mês quando a maioria dos filmes que estão concorrendo a grandes prêmios (como Oscar e Golden Globes) é lançada. É nesta leva que estão filmes que vão competir, direta e indiretamente, com o nosso ‘Ainda estou aqui’. Confira alguns dos lançamentos que já conferimos:

‘LEE’ *** (2 de janeiro)
É um recorte na vida da fotógrafa e ex-modelo (e musa de Man Ray) Elizabeth ‘Lee’ Miller (em interpretação excelente de Kate Winslet), que se tornou uma aclamada correspondente da edição inglesa da revista ‘Vogue’ (!), durante a Segunda Guerra Mundial. Lee não apenas foi pioneira nesse aspecto (não havia mulheres no front), como também foi das primeiras pessoas a chegar e fotografar os campos de concentração. Na ocasião, ela fez uma foto histórica (e polêmica), na qual se deita na banheira usada por Hitler. O mais incrível é que o mundo só soube dessa história alguns anos após sua morte (em 1977), quando seu filho teve acesso às fotos, nos anos 80.

‘A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO’ (‘The Seed of the Sacred Fig’) *** 9/1
Forte concorrente ao Oscar de Filme Internacional (produção franco-alemã, falada em persa), é mais um drama político do cineasta Mohammad Rasoulof, preso pelo regime ditatorial do Irã em 2022, depois de criticar o governo. Condenado a 8 anos de prisão, ele conseguiu escapar do país e lançou o filme (que foi rodado em segredo, com financiamento de França e Alemanha) no Festival de Cannes deste ano. A trama trata do sumiço de uma arma de um juiz, e ele suspeita de sua esposa e de suas filhas, criando uma tensão familiar em meio a crise política que acontece no país. O título é usado como uma metáfora para o regime iraniano, que cresce e se espalha, sufocando as liberdades e os direitos dos cidadãos, assim como a árvore (a figueira do título) parasita outras plantas.

‘AQUI’ (‘Here’) ** 16/1
Mais uma vez, o diretor Robert Zemeckis experimenta com novas técnicas e tecnologias, como vem fazendo ao longo de sua carreira. Aqui vemos um personagem feito por Tom Hanks em várias fases da vida (com efeitos de remoçamento e envelhecimento digitais), para contar uma história -- baseada numa graphic novel homônima -- que se passa num único cenário (a sala de uma casa colonial) ao longo dos anos, décadas, séculos (antes mesmo de a cidade existir!). É curioso, mas também algo enfadonho. Embora bastante americano (do ponto de vista histórico), foi um fracasso nos EUA.

‘MARIA CALLAS’ ** (16/1)
Angelina Jolie está impressionante como a diva grega do bel canto Maria Callas (1923-1977), inclusive dedicando-se por sete meses a aprender canto lírico para fazer suas partes, sem playback. Contudo, a trama -- que se passa uma semana antes da morte de Callas --, não nos mostra realmente quem foi a enigmática figura, ficando apenas na superfície (apesar de alguns flashbacks sobre sua infância e seu caso com o magnata grego Aristóteles Onassis). O diretor chileno Pablo Larrain disse que este é o filme que fecha a sua trilogia de mulheres notáveis (depois de ‘Jackie’, sobre Jacqueline Kennedy Onassis) e ‘Spencer’ (sobre a princesa Diana Spencer, a Lady Di).

‘ANORA’ **** (23/1)
O novo filme do diretor Sean Baker (‘Tangerina’, ‘Projeto Flórida’) é uma espécie de versão da vida real de ‘Uma linda mulher’: rapaz rico se envolve com prostituta, em Nova York, acabam se casando numa noite de loucuras em Las Vegas e, quando a família deste (poderosos oligarcas russos) descobre, tenta de tudo para desfazer o casório. Apesar dessa premissa, o filme não tem nada de romântico ou glamuroso, equilibrando momentos engraçados e dramáticos. A arrebatadora interpretação de Mikey Madison (como a prostituta Anora) nos deixa hipnotizados. Ela merece ganhar todos os prêmios aos quais concorrer. A cena final é uma das melhores, mais belas e tristes que já vi no cinema em muitos anos. De aplaudir.

‘CONCLAVE’ *** (23/1)
O cardeal Lawrence (Ralph Fiennes, excelente) é o encarregado de liderar um dos eventos mais secretos e antigos do mundo: a eleição de um novo papa (não fica claro o momento, mas deduzimos que o falecido é o atual, Francisco, de acordo com alguns detalhes). Mas, durante o processo, que leva semanas, ele vai se deparar com mentiras e todo o tipo de tramóias (dignas dos políticos brasileiros), até esbarrar num segredo que pode abalar a igreja. É um thriller da melhor qualidade (com uma das maiores viradas de trama do cinema recente), que mostra, com detalhes impressionantes (embora os locais tenham sido reconstruídos em estúdio, claro), como ocorre o processo de votação. Conta ainda no elenco com John Lithgow, Stanley Tucci e Isabella Roselinni num papel pequeno, mas decisivo.

‘EMILIA PEREZ’ ** (6/2)
O filme do diretor francês Jacques Audiard conta uma história algo inusitada: Juan del Monte, o Manitas, um chefão de cartel de drogas mexicano, cansado de sua vida de crimes, planeja desaparecer e recomeçar a vida em outro país. Detalhe: quer fazer isso como uma mulher (ambos feitos pela atriz trans Karla Sofia Gascón). Para isso, conta com a ajuda de Rita (Zoe Saldaña), advogada que esconderá isso da esposa do bandido, Jessi (Selene Gomez, ótima) e cuidará de todos os detalhes burocráticos. Mas o mundo dá voltas, e Manitas acaba voltando ao México para rever o filho. Aí, como se diz, ‘dá ruim’. É um dramalhão mexicano de crime, entremeado por números musicais (!), que poderá não agradar a todos. O trabalho das atrizes (que ganharam prêmio conjunto em Cannes 2024) é o que vale.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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