Debates sobre redução da maioridade penal primam pela falta de clareza

Por Mônica Francisco

Eu sei, a gente precisa diversificar, porque senão acabamos nos tornando um "sambinha de uma nota só" e coisa e tal. Mas do jeito que as coisas andam, não dá. Parece que a página não vira e lemos repetidas vezes a mesma história.

Vamos lá. Não se pode usar o sagrado poder de legislar como ferramenta de vingança. A prerrogativa das leis é dar suporte e viabilizar a Justiça. O que estamos assistindo em relação à redução da maioridade penal é um reducionismo completo.

O que vemos é uma total falta de clareza ou uma total distorção do que de fato precisamos para mudar o quadro violento que cerca nossa juventude mais vulnerável.

São os jovens que sofrem as piores formas de violência, desde tenra idade. Convivem com ela de maneira institucionalizada e oficial.

Invisíveis na aplicação dos direitos que lhes são devidos, mas completamente lembrados na mais dura punição.

Não podemos simplesmente nos render ao senso comum. É mais do que necessário e urgente um aprofundamento das discussões sobre o assunto.

O lindo ato da juventude na Praça XV, no Rio de Janeiro, foi um marco e uma brisa dos ventos fortes de junho de 2013.

Que bom sinal, os jovens estão atentos. Bem disse o poeta quando afirmou que crença mesmo ele tinha na rapaziada que segura o rojão e constrói a manhã desejada.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"


*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)