Comes & Bebes: Entre panelas e estatuetas
Austro-americano Wolfgang Puck é o chef do concorrido jantar do Oscar há 25 edições da cerimônia
LOS ANGELES - Salmão defumado com caviar, agnolotti com trufas negras, estatuetas de chocolate douradas. À frente do cardápio do jantar da cerimônia do Oscar há 25 anos, o chef Wolfgang Puck conhece muito bem o gosto das estrelas que se reúnem na noite mais importante de Hollywood. "Tem sido maravilhoso", diz Puck na cozinha que no domingo acenderá seus fogões para a grande festa do cinema. No total, todo o menu inclui 16 mil porções individuais, com versões veganas e sem glúten. "Lembro da primeira vez, foi no centro (de Los Angeles) no Shrine Auditorium. Nós construímos uma cozinha no estacionamento, estava chovendo, ventava muito, foi muito difícil", conta. "Agora temos duas cozinhas de altíssima qualidade, o que torna nosso trabalho muito mais fácil", comemora o chef austro-americano, de 69 anos.
Puck lidera um império gourmet, com dezenas de restaurantes espalhados ao redor do mundo, de Bervely Hills a Las Vegas, passando por Cingapura e Grã-Bretanha. Ao longo dos anos, o chef desenvolveu clássicos que fazem sucesso junto aos 1.500 convidados da cerimônia. Puck também assina o cardápio do Governors Ball, a festa organizada pela Academia de e Artes e Ciências Cinematográficas após a cerimônia do mais prestigiado prêmio da indústria cinematográfica.
"Um dos nossos pratos tradicionais é um toast com crème fraîche (creme de leite submetido à fermentação natural), salmão defumado e caviar. O pão é cortado na forma de estatueta e fazemos 3.500 deles, então você pode imaginar, é muito salmão defumado", diverte-se o chef, referindo-se a 204 quilos da iguaria.
Entre os 60 pratos que compõem o menu, há criações atuais como a cordoniz frita ao estilo Nashville, inspirada numa receita tradicional do sul dos Estados Unidos, e o agnolotti (massa típica da região italiana de Piemonte) com ervilhas salteadas em trufas negras. "As pessoas adoram o perfume da trufa. Fazemos milhares e o aroma invade todo o salão", comenta Puck.
A logística que envolve a preparação do jantar do Oscar tem números dignos de uma super produção cinematográfica. Os 16 quilos de trufas negras, oito litros de azeite de oliva, a pimenta de Espelette e cerca de 1,4 mil garrafas da champanhe Piper Heidsieck vieram diretamente da França, onde o chef se formou nos restaurantes mais prestigiados antes de emigrar para os Estados Unidos. Para servir os astros, Puck conta com 200 empregados nas cozinhas e 850 garçons, comandados por 10 maîtres.
O caviar (15 quilos) vem da costa oeste americana. As cinco patas inteiras de jámon (presunto típico da Península Ibérica) vieram da Espanhao, sem mencionar a carne japonesa de boi wagyu, uma das assinaturas do chef Puck. "A indústria do cinema é mundial. Há filmes franceses, italianos, ingleses e, agora, mexicanos com 'Roma'", compara o cozinheiro, referindo-se o longa de Alfonso Cuarón, indicado em dez categorias e entre os favoritos ao Oscar de Melhor Filme. "Nossa cozinha reflete um pouco essa imagem, com influências da Ásia, Itália, França, como nosso loup de mer grillé (robalo grelhado) ou a apetitosa religieuse au yuzu", acrescenta. (AFP)