Moda: Paris ignora estações

Desde os anos 1980, durante a fase das grifes licenciadas para o mundo inteiro, a moda parisiense ignora as exigências do vestir segundo o clima. E já que os 80 continuam como referências, nota-se a atemporalidade nas coleções que começaram a suposta temporada de inverno em Paris.

O primeiro dia começou bombando, graças ao talento de Maria Grazia Chiuri na Dior. Seu código é simples: contraste da estrutura de alfaiataria com peças leves, em tules. Em lugar de texturas ou estampas, reina o xadrez. Um xadrezão em preto e branco ou em verde, vermelho, cinza, nos paletós soltos, apertados por cinturões pretos ou lembrando o clássico modelo Bar, celebrizado no New Look, justinho. Há ainda um lote de conjuntos de calças e blusões pretos. E os ares de verão encerraram o desfile com os longos pretos, nudes, etéreos e da saias leves. Dois detalhes queridos por Grazia Chiuri: todos os looks são complementados por chapéus e o conceito feminista, nas camisetas com a inscrição Sisterhood Global (irmandade global).

Depois de muitas temporadas em segundo plano na agenda, Simon Porte Jacquemus figura entre os shows importantes da semana. As roupas lembram trenchcoats, mas são em cores claras, decotadas e com inspiração no inverno ameno da Provence e da Ilha de Murano, perto de Veneza. As calças ocupam lugar de destaque, como o look Pink de casaco longo. Assimetrias de bolsos e de panejamentos marcam as saias. Brincos grandes e coloridos competem com as botas acima dos joelhos, também em tons de verde ou azul. O longo com margaridas presas em argolinhas consagra a intenção veranil. Jacquemus sempre foi mais conhecido pelos acessórios: calçados inspirados na Barbie e a repetição da bolsa Chiquito, um retângulo fofo, apareceu em quatro peças penduradas nas cinturas.

Ontem ainda desfilou a coleção Saint Laurent. E a plateia de convidados e imprensa aguarda Chanel, sem Lagerfeld marchando para os aplausos, na terça-feira, dia cinco.