Zezé Motta lança livro comemorativo dos 21 anos do Cidan
Agência JB
RIO - A atriz Zezé Motta e a diretoria do Centro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan) recebem o público nesta segunda-feira, às 18h30, no Oi Futuro, para o lançamento do livro 'Memória para o século XXI - 21 anos do Cidan'.
O livro comemora a trajetória de 21 anos do Cidan, ONG pioneira na América Latina a organizar um banco de dados com atores e atrizes negros em atividade no Brasil. A publicação apresenta 10 artigos distribuídos em 71 páginas ilustradas por fotografias de atores e atrizes de várias gerações. Através do livro é possível conhecer o que mudou ao longo deste tempo em relação à visibilidade do profissional afro-descendente no Brasil.
- Uma das análises que podemos fazer em relação a esses 21 anos é que em cada novela, cada filme contemporâneo produzido no país hoje existe espaço para atores negros. Antes, só tínhamos espaço em filmes de época e em que o tema fosse escravidão - pondera Zezé.
Fundadora e presidente de honra da ONG, Zezé escreve em seu artigo no livro Memória para o século XXI - 21 anos do Cidan como teve a idéia de fundar a entidade. O ponto de partida foi o filme Xica da Silva, de Cacá Diegues, que a levou a viagens por todo o mundo, no final da década de 70. Ganhou todos os prêmios da época como melhor atriz (como Candango, Coruja de Ouro, Air France) e acordou para a realidade de quão poucos papéis existiam para atores negros no Brasil.
- Os elencos antigamente eram formados em revezamento. Como somos contemporâneas, se a novela tivesse papel para Neusa Borges eu não podia estar. Se havia personagem para a Ruth de Souza, não havia para a Chica Xavier. O mesmo valia para Zózimo Bulbul. Ou ele ou Pitanga. O movimento negro foi fundamental por confrontar os responsáveis pelo elenco e dizer: 'existem muitos profissionais bons e querendo trabalhar. Nos dêem oportunidade' - relembra a atriz.
Diante da atitude de Zezé Motta vários produtores, diretores de TV e cineastas quiseram saber aonde, então, estavam os atores e atrizes. Juntamente com o economista e antropólogo Jacques D'Adesky, ela começou a organizar um banco de dados atendendo às exigências do mercado.
- Criamos um catálogo com foto profissional e descrição dos currículos destes profissionais. Em seguida, tivemos apoio para lançar um site e hoje oferecemos acesso a um universo de 400 profissionais de todo o país e somos referência para a produção de TV, cinema e teatro dentro e fora do Brasil - conta Zezé.
A partir do banco de dados e do site, o Cidan se desdobrou em outras ações. Hoje jovens de baixa renda têm dois cursos de formação: A Arte de Representar A Dignidade e a Oficina de Cinema Digital, aberta em 2006, num projeto do ator Antonio Pompeo.
- O objetivo principal destas atividades é oferecer novos parâmetros profissionais para estes jovens. Muitos criaram as próprias cooperativas - observa o presidente do Cidan Jacques D'Adesky.
Ao longo dos 21 anos, o Cidan também esteve presente em iniciativas pontuais como no programa A cor da Cultura, realizado pelo Canal Futura com apoio da Petrobras.
A publicação é aberta com um texto da Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República Matilde Ribeiro. "Ao completar 21 anos de atuação o CIDAN garante a continuidade do trabalho para a arte dramática brasileira empreendida pelo TEN Teatro Experimental do Negro", escreve a ministra em referência ao grupo fundado por Abdias do Nascimento.
'Memória para o século XXI - 21 anos do Cidan' tem tiragem de 1.000 exemplares e será distribuído por todo o país para entidades ligadas a teatro, cinema e televisão. O livro foi viabilizado com patrocínio da 'Prince Claus Fund For Culture and Development', Fundação Ford, Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Fundação Cultural Palmares, Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Petrobras e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
O Oi Futuro fica na Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Zona Sul do Rio.