Grã-Bretanha diz que homenagem a Rushdie foi por dote literário

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REUTERS

LONDRES - A Grã-Bretanha informou na quarta-feira que a concessão de honras de Estado ao escritor Salman Rushdie foi baseada em seu mérito literário e não teve a intenção de causar ofensa a muçulmanos.

Rushdie, de 60 anos, saltou para a fama literária com seu segundo romance, 'Os Filhos da Meia-Noite', publicado em 1981. Mas é conhecido principalmente por seu quarto romance, 'Os Versos Satânicos', porque este contém trechos interpretados como blasfêmia contra o profeta Maomé.

A decisão de agraciar o autor britânico com o título de cavaleiro, em junho, provocou a revolta de alguns muçulmanos. O número 2 da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, criticou a iniciativa esta semana num comunicado em que ameaçou com mais ataques a Grã-Bretanha.

- O primeiro-ministro Gordon Brown acha que a decisão de agraciar Salman Rushdie com o título foi feita com base nas contribuições deste para a literatura... e não houve nenhuma intenção de causar ofensa ao islã ou ao profeta Maomé - disse o porta-voz oficial de Brown.

O falecido aiatolá Ruhollah Khomeini, líder religioso supremo do Irã, lançou uma fatwa, ou edito religioso, em 1989, conclamando muçulmanos a matar Rushdie devido a suposta blasfêmia. Rushdie passou nove anos vivendo na clandestinidade.

Zawahiri disse que a Al Qaeda prepara uma resposta à decisão de conceder a honraria a Rushdie, dizendo que a rainha Elizabeth enviou uma mensagem clara aos muçulmanos e que o mínimo que poderão fazer será boicotar produtos britânicos.

Gordon Brown vem sendo elogiado por grupos muçulmanos na Grã-Bretanha pela maneira sensível como tratou os três ataques fracassados com carros-bomba no mês passado, que ele atribuiu à Al Qaeda.

O novo premiê britânico vem resistindo em vincular a comunidade muçulmana britânica em relação aos ataques, focando, em lugar disso, os 'criminosos' de organizações internacionais como a Al Qaeda.

O Partido Conservador, principal partido oposicionista britânica, também defendeu a decisão de conceder a honraria a Salman Rushdie.

- Seja o que for o que se pense da obra de Salman Rushdie, a liberdade de expressão é uma liberdade fundamental neste país - disse David Davis, porta-voz conservador para assuntos internos do país.

- Ademais, a opção feita pela rainha quanto a quem ela deseja honrar jamais será alvo de intimidações.