Ian Fleming, criador de James Bond, ganha exposição em Londres

Por

REUTERS

LONDRES - Ian Fleming pode não ter ludibriado a morte, seduzido inúmeras mulheres e matado incontáveis vilões, mas foi sua experiência no mundo tenebroso da espionagem na 2ª Guerra Mundial que inspirou o agente 007, protagonista de seus best-sellers.

"For your eyes only" é o título da primeira grande exposição dedicada ao escritor britânico, coincidindo com o centenário de seu nascimento. A mostra será aberta na quinta-feira no Museu Imperial de Guerra de Londres e ficará até 1o de março de 2009.

Estão na exposição a escrivaninha da casa de Ian Fleming na Jamaica, onde ele escreveu seus livros sobre James Bond, uma jaqueta que usou durante um ataque de forças britânicas num porto francês em 1942, vários manuscritos de romances sobre Bond e acessórios da franquia de filmes.

A exposição procura explicar como um homem nascido num mundo de privilégios e com fama de playboy mudou de vida ao tornar-se oficial da inteligência naval durante a 2ª Guerra Mundial.

O curador da exposição, Terry Charman, disse:

- Na exposição, mostramos que a 2ª Guerra Mundial conferiu a Fleming um sentido de objetivo na vida que ele antes não tinha. Por mais que os romances sobre Bond possam ser ambientados na Guerra Fria, o fato é que quase todos têm suas raízes na 2ª Guerra Mundial.

O pai de Ian Fleming morreu durante a 1a Guerra Mundial, quando o futuro escritor tinha 8 anos. Fleming estudou em Eton e entrou para as Forças Armadas, que teve que deixar devido a um escândalo. Em seguida, foi à Austria estudar idiomas.

Em 1931, ele se tornou jornalista na Reuters. Sua sobrinha Kate Grimond disse que esse trabalho teve papel importante em seu sucesso posterior como escritor.

- Por um acaso ele conseguiu um trabalho na Reuters, onde aprendeu a escrever com muita rapidez e precisão. Isso formou a base de seu ótimo estilo de escrita - disse ela.

Para ganhar mais dinheiro, Fleming deixou a agência de notícias e foi trabalhar no mundo financeiro, mas, segundo Grimond, 'não tinha nenhum jeito para a coisa'.

De acordo com os organizadores da exposição, ele 'preferia gastar seu tempo e dinheiro com mulheres, golfe, bebidas e jogo'.

Durante a 2ª Guerra Mundial, quando se tornou oficial da inteligência militar, Fleming idealizou várias tramas para ludibriar os alemães que não teriam ficado deslocadas num romance de James Bond.

Ele escreveu seu primeiro livro sobre o agente 007, 'Cassino Royale', em 1952, e o mundo de perigo e glamour que criou para seu superespião representava uma fuga perfeita da pobreza da Grã-Bretanha no pós-guerra.

Ele se casou no mesmo ano, mas a relação tempestuosa deteriorou em pouco tempo. Seu consumo grande de álcool e cigarros acabou cobrando um preço, e Fleming morreu de ataque cardíaco em 1964, aos 56 anos.

Nessa época, a franquia de filmes sobre Bond já tinha deslanchado, transformando Ian Fleming em celebridade e reforçando as vendas de seus livros, que em 1964 estavam vendendo 112 mil cópias por semana.