Miss Kittin dispensa vinis e diz que já fez tudo que poderia como DJ

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Braulio Lorentz, Jornal do Brasil

RIO - Miss Kittin não se dá muito bem com a modéstia. É descrita como antipática por suas concorrentes do electro rock (entre elas Els Pynoo, que esteve em outubro no Brasil com seu Vive La Fête) e afirma com todas as letras que já chegou ao auge da carreira como DJ.

A cantora e produtora francesa Caroline Hervé, 35 anos, já contabiliza duas apresentações solo no Rio, mas é na Festa do Branco, neste sábado, na Marina da Glória, que a morena se junta pela primeira vez no Brasil ao seu maior colaborador Michel Amato, mais conhecido pela alcunha The Hacker.

Antes preferia discotecar para tocar músicas de outras pessoas, mas agora acho melhor as performances ao vivo elege a dona de faixas como 1982 e Frank Sinatra em entrevista ao Jornal do Brasil.

Nós somos como um time, com novas canções. E tudo está voltando a ser estimulante, como se fosse um novo capítulo. Acredito que fiz tudo o que era possível como DJ e agora quero redescobrir o prazer de discotecar por hobby, como quando comecei. Não pretendo tocar toda semana, algo que costumava fazer.

Graças ao lançamento de Batbox (2008), menos cru e mais pop do que seus discos anteriores, ela diz estar numa onda de tocar ao vivo. Afirma que vem sendo DJ há muito tempo nos últimos anos e precisava de mudança.

A morena, uma das pioneiras do electroclash, descreve seu trabalho como música pop baseada em sintetizadores com influências melancólicas, espalhadas ao longo de seus oito discos.

É algo sombrio, porque não ficamos falando sobre flores desabrochando (talvez um pouco mais agora). E sobretudo por gostarmos de compor nossa sonoridade com tons dark nos teclados. Chamam-se acordes menores esclarece a francesa, que lançou sua auto-explicativa estréia First album em 2001.

The Hacker é mais específico e cita o electro produzido na cidade americana de Detroit como influência no trabalho com sua pupila, somado ao new wave e techno. Como muitos da área, diz ainda ter apreço pelos LPs, não só para as discotecagens, mas também para enfeitar sua coleção:

Prefiro vinis quando estou discotecando, gosto da possibilidade do contato com eles. Quando viajo, sempre tento ir às lojas de discos dos locais onde me apresento. Durante uma das minhas viagens ao Brasil, encontrei alguns bons LPs e fiquei bastante feliz. Comprei, por exemplo, aquele do Duran Duran chamado Rio justamente no Rio!

A parceira de Amato vira o disco:

Não compro mais vinis, prefiro usar o Serato (software de scratches para DJs). Ele me dá muita liberdade e essa minha atitude salva um pouco o planeta. Vinis são impossíveis de serem reciclados adequadamente. Nunca fui como os nerds que vivem em lojas de discos como maníacos. Só me sentia bem em lojas quando conhecia os donos e vendedores muito bem.

A dupla só grita em uníssono quando o assunto é a relação com o Brasil.

Sempre é um dos pontos altos da turnê garante Miss Kittin.

Quando o avião pousa, há uma energia imensa. Toda vez trago de volta lembranças incríveis. Lembro do Corcovado, de beber água de coco na praia, das festas malucas, dos amigos. E do maracujá, uma das minhas frutas favoritas.

The Hacker vai na mesma batida.

Foi muito bom minha última ida ao Brasil, em 2006. Estava com a dupla Terence Fixmer & Douglas McCarthy recorda o produtor.

Completam a programação da noite os DJs Diogo Reis, Gustavo MM e Ricardo Menga; e a dupla Flow & Zeo, escalada para o fechamento.

Serviço

Miss Kittin & The Hacker

Marina da Glória, Av. Infante Dom Henrique, s/n, Parque do Flamengo (2551-7019). Neste sábado, às 23h. Pista: R$ 40 e R$ 50. Lounge: R$ 100 (mulher) e R$ 120 (homem). Cap.: 3.500 pessoas.