Entretenimento e choque no longa 'Verônica', com Andrea Beltrão
Daniel Schenker, Jornal do Brasil
RIO - Verônica, novo filme de Maurício Farias, integra uma vertente do cinema nacional liderada por Cidade de Deus que confronta o espectador com um choque de realidade (ao destacar o aumento da violência nas cidades) e, ao mesmo tempo, flerta com as ferramentas do thriller. Procurando conciliar o retrato da impunidade com o desejo de entreter, o diretor se esforça para extrair tensão da história de uma professora, a Verônica do título, que passa a proteger um aluno: o pequeno Leandro, jurado de morte.
Através do imprevisto contato com o menino, Verônica dá partida a um processo de retomada da afetividade que lembra a jornada da Dora de Central do Brasil, de Walter Salles ainda que a personagem, interpretada com vigor por Andréa Beltrão, não seja tão fim de linha como a vivida por Fernanda Montenegro.
Farias, portanto, não dialoga só com Gloria, de John Cassavetes. Há, na cena final, uma referência à tragédia grega por meio de uma pergunta de Verônica: Que lei é essa que impede um filho de enterrar pais assassinados?