"Os falsários": Autêntica cumplicidade
Alfredo Sternheim, Jornal do Brasil
RIO - O que diferencia Os falsários dos demais filmes de prisioneiros de guerra é o enfoque em cima de um personagem de pouco ou nenhum escrúpulo: Solly Sorowitsch (Karl Markovics). Na Berlim de 1936, logo fica clara a sua atuação de exímio falsário. Nessa condição, é preso e enviado a um campo de concentração. Lá, seus algozes resolvem colocá-lo como chefe de uma equipe de falsários formada por outros judeus presos. Eles dão início à Operação Bernhardt, que falsificava dólares e libras em quantidades volumosas para mudar o rumo da Segunda Guerra Mundial.
É esse o principal conflito do episódio verídico que o vienense Stefan Rusowitsky relata sem fazer juízo de valor, num longa que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008. O diretor expõe seres humanos condicionados pelas circunstâncias, opressivas e humilhantes para os judeus e arrogantes para os nazistas. E, às vezes, acentua o cinismo do protagonista, nos fazendo cúmplices do grupo liderado por ele.