"A fazenda" e "No limite" disputam a liderança dos realities
Paulo Ricardo Moreira, Jornal do Brasil
RIO - Na noite deste domingo, mais um round da briga por audiência vai ser disputado. O confronto direto entre os dois reality shows em exibição atualmente na TV aberta promete ter contornos de drama, e possivelmente alguma comédia. De um canto, A fazenda, megaprodução da Record, que começou meio chocha e decolou nessa reta final da disputa dos roceiros pelo prêmio de R$ 1 milhão. Do outro lado do ringue, No limite, quarta edição do jogo de sobrevivência da Globo, que desde sua estreia não correspondeu em emoção nem em audiência. A maior prova é que, no último domingo, o programa comandado por Zeca Camargo levou uma surra histórica: 13 pontos contra os 21 da atração da Record no período em que foram ao ar no mesmo horário. Antes, no dia 2, houve empate entre eles, com 16 pontos, e o prenúncio de que No limite corria riscos se não mexesse. Entre esses dois pesos-pesados está o nanico Pânico na TV, humorístico da RedeTV! que vem tirando uma casquinha da luta entre os gigantes e dando uma beliscada no ibope de um e de outro.
A audiência não é a minha maior preocupação. É uma delas. Meu foco é a realização de um bom programa. Não adianta você estar bem posicionado se não tiver um produto forte. Mas é óbvio que eu quero dar boa audiência e ser bem-sucedido. estou satisfeito com os resultados diz Rodrigo Carelli, diretor de A fazenda, com a experiência de quem já pilotou um fenômeno de audiência, a Casa dos artistas, no SBT.
Críticas à edição arrastada
Otimista, Carelli aposta que o reality da Record tem tudo para superar novos obstáculos e quebrar recordes. Acha que o programa cresceu muito nessa reta final devido à propaganda boca a boca. Quem não via e só escutava falar passou a assistir. Para ele, a atração está consolidada não apenas no quesito audiência, mas em relação ao formato e à edição. No início, o público ficou incomodado com a edição arrastada, sem agilidade. Sem falar na rejeição ao apresentador Britto Jr., que foi bombardeado por críticas. Mas tudo isso, diz o diretor, passou logo nos primeiros dias.
O programa de estreia causou essa primeira impressão. Acho que houve uma predisposição das pessoas. A edição não era arrastada. O que acontece é que as coisas eram mais tranquilas nos primeiros dias avalia. As críticas ao Britto têm mais a ver com as comparações com outros apresentadores (com Pedro Bial, do BBB). O trabalho dele é maravilhoso e dificílimo. Pode falar o que quiserem, mas eu não quero outro apresentador.
A estratégia para enfrentar No limite é definida pela direção de programação da Record e muda a cada semana. Os intervalos comerciais, afirma Carelli, podem ser concentrados no início do programa, ou no final. Depende dos números do Ibope ou do movimento do adversário. A fazenda já ficou mais de uma hora sem dar breaks aguardando o confronto.
Depois de perder feio no último domingo, o diretor J.B. Oliveira, o Boninho, mudou as regras de No limite. A ideia é dar mais dinamismo ao programa e torná-lo mais competitivo na audiência. Acabou o voto popular, a principal novidade desta edição. Uma das justificativas é que o número de ligações do público era muito baixo. A partir de hoje, a eliminação dos participantes fica a cargo das duas tribos. Outra novidade é a criação do Exílio, um local de castigo para onde os grupos devem mandar um ou mais participantes. Quem receber essa punição vai ficar isolado por 24 horas.
Nessa guerra, a turma do Pânico corre por fora e, às vezes, assusta. Nos últimos domingos, chegou a ficar em segundo lugar por alguns minutos. O diretor Alan Rapp diz que o programa utiliza uma tática de guerrilha, retardando os breaks para ficar à frente do reality da Record e encostar na Globo. Aqui, vale uma observação: a maior parte do tempo, o humorístico da RedeTV! compete com o Fantástico, e poucos minutos com No limite.
Acho essa guerra saudável, estimulante. Eles só ficam em primeiro quando a gente vai para o intervalo provoca Alan. Ouvi dizer que a Record criou A fazenda para recuperar o segundo lugar (que havia perdido para o SBT) e frear o avanço do Pânico.
O diretor tem certeza de que, se o humorístico entrasse no ar mais tarde, venceria o No limite num confronto direto mais longo. Por isso, defende a flexibilidade do horário na grade. Mas está satisfeito:
Nossa meta é nos manter como a pedra no sapato deles.