Bienal começa quinta e tem EUA como país homenageado
Carolina Leal, Jornal do Brasil
RIO - A partir de quinta, os pavilhões do Riocentro abrigarão cerca de 600 mil pessoas e o principal motivo da concentração não é nenhuma festa ou motim e, sim, livros. Se o atento leitor ainda não matou a charada, lá vai: trata-se da estimativa de visitantes que passearão pelos estandes da 14ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que vai até o dia 20, no mesmo bom e, para alguns, distante Riocentro.
A edição, que já está com ingressos à venda ao preço de R$ 12 a entrada, tem o Estados Unidos como país homenageado. O investimento, 30% maior que em 2007, chega a 1,7 milhões.
Já estava em tempo de homenagearmos os Estados Unidos, que é a indústria editorial mais presente no Brasil - diz Sônia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Buscamos uma programação rica e diversificada.
Entre as presenças confirmadas, cerca de 100 autores brasileiros e 18 internacionais. Entre os estrangeiros, 12 autores que visitarão as terras tupiniquins são do país homenageado.
Na programação cultural da Bienal que funcionará de 10 às 22h, e contará com 67 sessões de debates, além de 950 expositores estão confirmados três novos espaços. A Floresta de Livro, voltado para o público infanto-juvenil, Mulher e ponto, com debates sobre temas considerados femininos. e Livro em cena, que terá a presença de atores lendo trechos de clássicos nacionais.
De acordo com os organizadores, a intenção dos novos espaços é atingir as demandas dos grandes frequentadores da Bienal: crianças e mulheres. Com forte público escolar, mais de 200 mil crianças devem conferir a festa. Quanto às mulheres, representam mais da metade dos leitores do país.
O maior espaço, cerca de 800 m², foi reservado ao público infanto-juvenil. A Floresta de Livros, que tem capacidade para 600 visitantes, terá árvores "falantes" que narram trechos de histórias e um livro-mágico sensível ao toque. O Mulher e Ponto terá 15 sessões durante o evento com autores brasileiros abordando temas de comportamento, literatura, família e relações afetivas.
Os clássicos da literatura brasileira ganharão voz em leituras feitas por atores, durante 12 sessões, às sextas, sábados e domingos, no Livro em Cena. Inaugurando o espaço, Marília Pêra lerá Machado de Assis. Os 10 autores escolhidos para leitura são: Gonçalves Dias, Lima Barreto, Mário de Andrade, Jorge Amado, Oswald de Andrade, Clarice Lispector, Mario Quintana, Monteiro Lobato, Erico Veríssimo e João Ubaldo Ribeiro.
Quem tiver fôlego, ainda pode visitar a exposição José Olympio: um editor e sua casa que conta um pouco da história do mercado editorial brasileiro.
A Bienal disponibilizou um site oficial (www.bienaldolivro.com.br), um blog e um Twitter (https://twitter.com/bienaldolivro) com informações, destaques da programação e coberturas realizadas por convidados do evento.
O encontro de autores nacionais e estrangeiros no tradicional espaço Café Literário e no Auditório Euclides da Cunha continua nesta edição. Ao lado do australiano Tim Winton, no próximo sábado, estará David Wroblewski, que causou um verdadeiro barulho com seu primeiro romance, ganhando a simpatia de Stephen King e da apresentadora Oprah Winfrey. O livro A história de Edgar Sawtelle, que acaba de ser lançado no Brasil pela Intrínseca e já teve os direitos comprados por Oprah e Tom Hanks, para sua adaptação ao cinema, tem como pano de fundo uma fazenda de criadores de cães Wisconsin, onde o autor nasceu, e a história de um menino mudo que sofre com a morte do pai.
A fazenda dos Sawtelle é exatamente o lugar onde eu cresci revela o autor, que levou mais de 10 anos para escrever sua primeira obra. Eu tomei como cenário inicial e fui retirando minha família, criando personagens, com suas próprias histórias. A ideia do personagem principal ser mudo foi a partir de uma experiência minha em que perdi a fala por alguns dias e aumentei a minha percepção das coisas ao meu redor.
O autor revela que as semelhanças do romance apontadas por críticos com Hamlet, de Shakespeare, não são meras coincidências, e ainda assume influências de Rudyard Kipling, autor de Mogli: o menino lobo.
Entre os destaques internacionais, estão também a norte-americana Meg Cabot e o britânico Bernard Cornwell, ambos reconhecidos pela venda em larga escala de seus livros.
Em uma Bienal que tenta se aproximar do público pela internet, o britânico Andrew Keen conhecido por suas críticas ao fenômeno da Web 2.0 debaterá a cultura na era global. O queridinho do presidente Barack Obama, Joseph O´Neill, pelo romance Terras baixas, e David Grann, com o livro reportagem que já está sendo adaptado para os cinema A cidade perdida de Z, também estão confirmados entre as atrações.
Venda de ingressos
Os ingressos para a 14ª Bienal Internacional do Rio podem ser comprados pelos sites