Olinto: educação e solidariedade
Jornal do Brasil
RIO - Não foi bastante ler Olinto para realizar esta obra. Foi necessário escutá-lo atentamente para colher, no calor presencial, detalhes mais íntimos de sua trajetória mágica e destemida pela vida. Foi a partir do depoimento vivo, colhido ao longo de cinco meses, que chegamos ao resultado desta narrativa aberta e desafiadora, que não é e nem pretende ser uma biografia. Este livro é um tributo a Antonio Olinto, por sua luta em defesa da cultura brasileira . Palavras dedicadas ao imortal Antonio Olyntho Marques da Rocha, o escritor mineiro Antonio Olinto, morto no último sábado aos 90 anos, pelo jornalista João Lins de Albuquerque, autor do ainda inédito Antonio Olinto, 90 anos de paixão Memórias de um imortal, que em breve ganha lançamento da editora Livraria de Cultura.
O livro é prefaciado pelo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cícero Sandroni. Para atermo-nos a um único exemplo, citaremos o que os críticos consideram sua obra-prima, o romance intitulado A casa da água, de 1969, primeiro de uma trilogia, seguido por O rei de Keto e Trono de vidro. Esse mergulho na cultura da África, que sua atividade como diplomata e adido cultural naquele continente lhe permitiu conhecer em profundidade, consagrou-o internacionalmente. É o que se constata com as diversas versões do romance em uma vintena de idiomas, incluindo inglês, francês, espanhol, italiano, russo etc. O nome de outro livro seu, Copacabana, de 1975, batizou uma praia no Mar Negro por iniciativa do governo romeno, em vista do sucesso que ele alcançou nesse país , lembra Sandroni no prefácio.
O Caderno B publica com exclusividade trechos de dois capítulos do livro de João Lins de Albuquerque. Ex-chefe do serviço de língua portuguesa da rádio da Organização das Nações Unidas, Albuquerque é autor de Conversações 50 entrevistas essenciais para entender o mundo. Quais são os três temas mais importantes do futuro, na visão de Antonio Olinto?, perguntou-lhe o biógrafo. A educação, a solidariedade e o respeito à natureza. Sem isso, a humanidade regredirá .