Prêmio Marcantonio Vilaça destaca produção de vencedores no MAM

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Taís Toti , Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Se o galerista e artista plástico Marcantonio Vilaça já fortalecia a arte contemporânea brasileira em vida, seu nome ainda hoje é ligado ao incentivo da produção no Brasil com o prêmio que leva o seu nome. Nesta edição, os premiados são Armando Queiroz, Eduardo Berliner, Henrique Oliveira, Rosana Ricalde e Yuri Firmeza, com exposição itinerante que abre hoje no MAM e ainda passará por São Paulo, Goiânia, Salvador, Rio Branco e Florianópolis.

O prêmio não visa só o jovem artista, mas a jovem produção. Não precisa ter 20, 30 anos explica Celso Doravante, idealizador do prêmio. A proposta é premiar um artista que acreditamos ter um grande caminho pela frente, principalmente os que estão em meio de carreira, que no Brasil são esquecidos pelos galeristas.

Diversidade regional

A sensível poesia visual de Rosana Ricalde, como define Doravante, aparece na exposição na forma de seis obras que misturam mapas com mares fictícios e reais, inspirados no livro Cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. Já Armando Queiroz traz uma instalação e três vídeos em que retratam o cotidiano da região Norte visto como uma realidade brasileira, mostrando locais como a Serra Pelada e o Mercado Ver o Peso, em Belém.

É um conjunto que acaba dialogando; são questões que envolvem a relação que eu vou criando com a vida e o cotidiano do local que eu moro comenta Queiroz. Eu sou de Belém do Pará e tenho uma relação e interesse com o cotidiano da região norte, da minha vivência.

Os trabalhos de Yuri Firmeza vão variar a cada cidade da exposição; no Rio, ela apresenta a instalação Arresto e as fotografias de Agravitacional.

Um dos trabalhos ocupa uma sala inteira e pensa a questão de segurança, vigilância, controle comenta Firmeza. É um cubo totalmente fechado, com arame farpado, e um outro cubo onde dentro há uma foto minha, quando criança, vestido de soldado. Tem essa coisa da memória amarrando o conceito do trabalho.

Além da bolsa de trabalho no valor de R$ 30 mil, os contemplados do Prêmio CNI Sesi Marcantonio Vilaça também recebem acompanhamento de um crítico da área durante um ano, para o desenvolvimento do projeto. Queiroz e Firmeza foram acompanhados por Paulo Herkenhoff ; Ricalde por Luis Camillo Osório; Oliveira por Ricardo Resende e Berliner por .Alcino Leite Neto.

Esse acompanhamento não existe em nenhum prêmio no Brasil. O artista sente falta de diálogo, de conversar sobre a obra e ter um olhar de fora sobre a produção analisa Doravante.