"Esse show vai durar para sempre", diz Bono em despedida de SP
SÃO PAULO - "Esse show vai durar para sempre". Com essas palavras Bono, vocalista do U2, marcou a última de três apresentações realizadas em São Paulo. A despedida da turnê 360º, aconteceu nesta quarta-feira no Estádio do Morumbi.
Bono, The Edge, Larry e Adam subiram ao gigantesco palco por volta das 21h40 ao som de Space Oddity, clássico David Bowie, funcionando como um "convite espacial" feito pelo quarteto irlandês.
Já de início, Bono e sua banda relembraram duas clássicas, Even Better Than The Real Thing e, em seguida, I Will Follow, lançada no início da carreira, ainda no fervor do pós-punk. O público, de 89 mil pessoas, segundo a assessoria do evento, estava extasiado já no início da apresentação. "Vocês estão bem?", perguntou o vocalista aos seus fãs, que entoavam o refrão da canção no coro. A música Get On Your Boots, a quarta da noite, foi dedicada por Bono ao jogador de futebol Ronaldo Fenômeno.
O líder da banda questionou o público: "que horas são no mundo?", e, ao citar a Argentina, país rival do Brasil no futebol, levou uma leve vaia do público, assim como aconteceu em 2006, na última passagem do U2 no país. "Eu amo o Brasil", afirmou em seguida, antes de começar a cantar Magnificent.
Depois de Mysterious Ways, os irlandeses cantaram Elevation, incendiando a plateia que correspondia o coro com os versos cantados em alto e bom som no Morumbi. A proposta do U2 seguiu a linha das turnês Pop Mart e Vertigo: hits com um espetáculo visual. O quarteto liderado por Bono lembra a todo momento que até os "menos fãs" acabam se recordando de um, dois, três ou dez refrões ao longo da apresentação.
Arriscando um português, Bono reverenciou seu público: "tudo bem? São Paulo não pode parar!". Ele também agradeceu ao Muse, trio britânico que abriu os três shows, pela "aventura sul-americana". "Um muito obrigado para o extraordinário Muse", falou.
Lá pela altura da décima canção apresentada, Seu Jorge fez uma participação bem descontraída com os irlandeses. "Boa noite Brasil. É um prazer estar aqui com essa banda", disse o brasileiro que fez um cover da música The Model, do grupo musical alemão Kraftwerk.
Logo após a participação nacional no palco em 360 graus, uma fã que estava na grade teve a honra de subir ao palco e ler o que parecia uma poesia ao microfone do U2. No entanto, o tal poema, era nada mais do que a letra da canção Beautiful Day em português, cantada pelo U2 em seguida.
Gastando hit atrás de hit, o U2 chegou a um dos ápices do show com Sunday Bloody Sunday, um dos pontos mais mais catárticos da apresentação. No segundo compasso da música, a letra, um dos hinos do quarteto, já era cantada por seus fãs.
Em homenagem a Aung San Suu Kyi, ativista política de Mianmar (antiga Birmânia) que ficou quase vinte anos em prisão domiciliar, tendo sido libertada em novembro do ano passado, U2 cantou Scarlet. "Ela está livre, mas seu país continua uma prisão", afirmou o cantor, que é conhecido também por seu engajamento em causas sociais. Ao cantar Walk On, Bono falou sobre anistia internacional e voltou a citar o país asiático, que, segundo o vocalista, ainda tem 200 prisioneiros políticos. "Uma mensagem para não esquecer".
Com a quantidade de hits apresentados logo de cara no show e a magnitude do palco 360, acabamos nos perdendo nessa maré visual e "esquecemos" que U2 lá está. Bono, The Edge, Adam e Larry tratam de nos lembrar rapidamente com a sequência estratégica do final: One, Where The Streets Have No Name, Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me e With Or Without You.
Para a despedida real, após o bis, o quarteto finalizou sua apresentação, pela terceira vez, relembrando o massacre na escola do Realengo, no Rio de Janeiro, com a música Moment of Surrender.