Abertura da exposição coletiva “Jogos do Sul” no Centro de Arte Hélio Oiticica

Mostra propõe uma reflexão sobre o impacto social de um mega evento como as Olimpíadas

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Rap em Guarani, Cabo de Guerra Robótico, Futebol, 32 tabuleiros de Xadrez, Estilingue, Maratona Infinita pela cidade, Arco e Flecha... 

Estas são algumas das obras que serão apresentadas pelo time de artistas que farão parte da mostra Jogos do Sul, no Centro de Artes Helio Oiticica, a partir de 3 de agosto. A exposição pretende provocar uma reflexão sobre o chamado “modelo olímpico”, formado pelo binômio “beleza atlética x massa feliz”. 

Esse outro olhar para além da beleza do esporte teve início em 2015, durante os Jogos Mundiais Indígenas, realizados em Palmas, TO, quando os curadores Alfons Hug e Paula Borghi convidaram artistas e cientistas para assistirem as disputas. “Jogos do Sul” cruza os Jogos Mundiais Indígenas, em sua originalidade e autenticidade, para propor um contraponto: explorar o tema do esporte fora dos grandes estádios e clubes – numa atmosfera em que competir é mais importante do que ganhar ou perder, ou do que contar medalhas. Num momento em que o jogo é inocente, basta-se a si mesmo e o esporte aflora espontaneamente.

Longe de competir com o megaevento olímpico sediado no Rio de Janeiro, “Jogos do Sul” propõe uma outra vertente. A partir da experiência dos jogos indígenas, apresenta-se uma oportunidade de refletir sobre o espírito dos Jogos Olímpicos, hoje transformados num megaevento cuja repercussão está mais ligada à retórica política e ao marketing das cidades-sede do que a uma interação saudável entre indivíduo e sociedade. 

Não queremos negar a capacidade do esporte olímpico de produzir grandes narrativas e cenas sublimes. A mostra busca banir o espírito de Riefenstahl, que desde Berlim (1936), permeia a coreografia dos Jogos Olímpicos representada pela combinação entre um corpo “belo” e a massa “feliz”. Afirma Alfons.

Oito artistas brasileiros, uma cineasta brasileira, um artista boliviano, uma artista alemã, um artista singapurense, um artista suíço, uma socióloga brasileira e uma antropóloga portuguesa formam time de artistas que tornou possível, a partir do encontro entre as artes visuais, o esporte e a cultura indígena, criar um corpo de obras que visa apresentar esse contraponto ao espetáculo olímpico.