Editorial

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A paciência deve preceder o ataque final Se os bandidos não se importam com a população do Alemão, as forças legais devem fazê-lo O TEMIDO E emblemático complexo de favelas do Alemão está cercado pela polícia, com o fundamental apoio de militares das três forças armadas e da Polícia Federal. Lá dentro, centenas de bandidos com armas de guerra aguardam o conflito final, que vai varrer dali o domínio de quadrilhas que já dura décadas. -->As imagens dos bandidos da vizinha Vila Cruzeiro fugindo em desabalada carreira ante a chegada dos blindados da PM e da Marinha deve ter deixado os comparsas do Alemão ainda mais atemorizados. -->Ao lado de vários generais, do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse ontem que não há mais volta. A ousadia dos bandidos de levar pânico à população do Rio, queimando veículos nas ruas da cidade, vai antecipar o fim de suas carreiras errantes no crime. Ao protestarem contra as Unidades de Polícia Pacificadora, as duas principais facções do banditismo fluminense ensaiaram um pacto de não agressão. Porém, como dizem os apresentadores de pro gramas policiais popularescos, “vão morrer abraçados”. -->Não há como bandidos do varejo das drogas e dos assaltos resistirem ao poder constituído. Podem, no máximo, provocar algumas baixas nas forças legalistas, e cabe aos comandantes destas programarem suas ações a ponto de reduzir ao nível mínimo as perdas humanas. -->O cerco ao Alemão está armado. Manda o bomsenso estratégico que a invasão não seja feita às pressas. Melhor deixar os bandidos gastarem munição em tiros inócuos, como fizeram ontem o dia inteiro, e elevar o estresse deles ao limiar do insuportável. No momento certo, haverá a invasão. Tudo estaria caminhando muito bem se não houvesse na linha de tiro cerca de 400 mil pessoas, 95% delas honestas, homens, mulheres e crianças que vivem naquele covil do crime por absoluta falta de opção. -->Preservar também a vida do maior número de inocentes possível deve ser outra preocupação prioritária dos comandantes. Já que bandidos não se importam, os legalistas devem fazê-lo.