Brasileiro acusado por fraude nos EUA

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Marcos Elias pode ter prisão por 30 anos

Preso na Suíça 2018 e extraditado para os Estados Unidos, desde agosto, Marcos Elias, gestor e analista de investimentos que ajudou a fundar a Empiricus, confessou nesta segunda-feira às autoridades judiciais americanas o crime de conspiração contra instituições financeiras dos EUA, segundo o procurador Geoffrey S. Berman. Elias pode ser condenado a 30 anos de prisão por ter participado de esquema para obter mais de US$ 750 mil (cerca de R$ 3 milhões) de instituições financeiras de Nova York usando documentos falsificados de clientes brasileiros. O julgamento está previsto para 4 de abril.

Engenheiro formado pela USP, Elias passou por vários empregos na área financeira até criar sua própria empresa, a gestora de fundos Galleas, pivô de sua primeira polêmica. Na crise financeira nos EUA após a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, Elias fechou os portfólios para resgate e a Galleas ficou bloqueada por seis meses.

Na Empiricus, como chefe de pesquisa, escreveu relatórios considerados polêmicos pelo mercado ao adotar uma linguagem agressiva em seus comentários, sendo que um deles foi alvo de processo que o fez perder a licença por 12 meses, conforme o jornal “Valor Econômico”. Deixou a empresa em 2012 alegando ter sido pressionado a sair. Cinco anos mais tarde, Elias processou a Empiricus. Pediu indenização de R$ 10 milhões. Em julho de 2018 a ação foi considerada extinta em despacho assinado pela juíza da 21ª Vara Cível, Maria Carolina de Mattos Bertoldo. No fim do ano, a Comissão de Valores Mobiliários suspendeu uma medida que afastava a exigência de credenciamento da Empiricus como analista de valores mobiliários, o que a isentaria de multas aplicadas à empresa. O xerife do mercado considerou agressivo o marketing digital da empresa. Seu diretor executivo, Felipe Miranda, alegou ser uma publicidade “assertiva” e “americanizada” e disse a Empiricus era uma empresa de caráter jornalístico e não uma casa de análise de valores mobiliários.