O exílio de Nestor Cerveró em Itaipava
Família está com nomes no SPC
A venda de Pasadena pela Petrobras foi acertada em janeiro deste ano (2019) por US$ 350 milhões junto à americana Chevron. Mas os problemas não acabaram. A Chevron alegou, há duas semanas, que se a Petrobras não cumprir o que estava prometido no contrato, quanto à eficiência da velha refinaria, a operação seria desfeita.
Já Nestor Cerveró vive uma vida reclusa com a família em antiga propriedade que tinha em Itaipava, poupada pela Justiça e adquirida antes de se envolver em práticas delituosas na estatal, onde trabalhou por três décadas.
Como parte do acordo de delação, entregou R$ 825 mil que estavam aplicados em fundos de investimento (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União); transferiu 10.266 ações da Petrobras à empresa; mais 1 milhão de libras esterlinas em contas em Londres (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). A mulher de Cerveró, Patrícia, também tem cidadania britânica e trabalhou como tradutora para a Embaixada do Reino Unido.
Cerveró devolveu ainda US$ 495 mil em contas sob controle da offshore Russel em Nassau, Bahamas (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). E teria de devolver mais R$ 6 milhões em dinheiro (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). A cláusula do acordo teria de ser cumprida até 1º de janeiro de 2017. Caso não fosse cumprida, perderia um imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;
R$ 400 mil em dinheiro (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até 30 de junho de 2017. Caso não cumprisse o prazo, perderia duzentos e vinte e dois hectares da Fazenda Serra da Estrela, em Teresópolis (RJ);
R$ 2,4 milhões (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até janeiro de 2017, em caso de não cumprimento perderia um segundo imóvel no Rio de Janeiro;
R$ 700 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União) até 1º de janeiro de 2017. Caso não cumprisse o prazo, perderia um terceiro imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;
R$ 200 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). Caso não cumprisse o prazo, perderia um terreno de 1 mil m² quadrados no Rio de Janeiro;
R$ 900 mil (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União). Caso não cumprisse o prazo, perderia um quarto imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro.
Perda dos imóveis e nome no SPC
Sem recursos, fora a aposentadoria bancada pela Petros, o fundo de pensão da Petrobras, a família de Cerveró teve de entregar um amplo apartamento, com cobertura, na rua Nascimento Silva, em Ipanema, e outro menor na rua Prudente de Morais, no mesmo bairro. Sua mulher, Patrícia, quando vem ao Rio, fica alojada num pequeno imóvel, também em Ipanema, que conseguiu manter.
Causador de tremenda polêmica, em novembro de 2015, quando gravou conversa com o Senador Delcídio Amaral, então líder do PT no Senado, que queria impedir o acordo de delação premiada que Cerveró estava negociando com a Lava-Jato, com promessas que incluíam pagamento de benefícios, por suposta recomendação do ex-presidente Lula, segundo a fala gravada de Lula (o que custou sua expulsão do PT), por meio do banqueiro André Esteves, dono do BTG-Pactual, que acabou preso e afastado do comando do banco, o filho Bernardo também vive com o pai em Itaipava. Lá, acompanha o pai e negocia produtos de alimentação orgânica.
Por falta de cumprimento de algumas multas, os imóveis foram entregues à Justiça como parte do acordo. Mas a transferência dessas e outras propriedades não se efetivou. O resultado é que a força-tarefa da Lava Jato não pagou os condomínios e o IPTU, e a família Cerveró (Nestor e Patrícia, que constam como proprietários), está com os nomes sujos no SPC e na Serasa-Experian.