Pegamos um país que era cada vez mais dividido por quem estava no poder, diz Bolsonaro

Por

Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que pegou um país quebrado economicamente e que era cada vez mais dividido por quem estava no poder antes da chegada dele à Presidência.

Segundo Bolsonaro, seu governo está fazendo o que é possível apesar da escassez de recursos e busca unir todos no país.

"Estamos andando por todo o Brasil fazendo o que nós podemos fazer sem recursos, porque pegamos um país quebrado, economicamente falando", disse o presidente em discurso na cerimônia de assinatura da concessão da ferrrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO).

"Um país onde a ética e a moral não tinham mais valor, um país onde a família tinha seus valores desgastados, um país que era cada vez mais dividido por quem estava no poder, aquela velha máxima de dividir para vencer. Nós buscamos a união de todos", acrescentou.

A fala de Bolsonaro ocorre num momento em que várias declarações recentes do presidente geraram forte polêmica e críticas de que estaria mantendo o estilo da campanha e de sua atuação anterior como deputado federal, que não seriam condizentes com a posição de presidente da República.

No discurso, Bolsonaro defendeu que obras como a ferrovia Norte-Sul ajudam a unir o país.

"Essas obras de infraestrutura unem o Brasil, trazem o progresso, barateiam preços e fretes, diminuem o consumo de óleo diesel, diminuem acidentes nas estradas", argumentou.

Em mais uma indicação de que pode buscar a reeleição em 2022, o presidente falou sobre possíveis concessões em trecho de ferrovia no Estado de São Paulo em 2024 ou 2025.

"E falando em ferrovia, eu fui criado andando de trem basicamente no trecho Jundiaí-Campinas no tempo em que eu lá morei. Eu me lembrei aqui também, prezado chefe desses grupos, temos um rabicho lá embaixo que liga Santos a Cajati, que está há mais de 30 anos parado. Quem sabe não assinemos um contrato lá por 2024, 2025 nesse sentido com toda certeza. O recado está dado."

EDUARDO E TRUMP

Bolsonaro também aproveitou o discurso para voltar a defender o nome do filho Eduardo para o cargo de embaixador nos Estados Unidos, e disse que o Brasil está cada vez mais se aproximando de países democráticos e com economias fortes.

"Ontem fiquei muito feliz quando o presidente Donald Trump citou o meu nome como uma pessoa de confiança da parte dele para investimentos no Brasil, para aprimorar laços comerciais e, mais ainda, elogiou o meu filho Eduardo Bolsonaro, tendo em vista a minha intenção de indicá-lo para ser embaixador dos Estados Unidos", disse.

"Com o todo o respeito que tenho aos bons profissionais do Itamaraty, mas é um cargo que ele (Eduardo) está, desde que aprovado pelo Senado, habilitado a nos representar. Nós estamos cada vez aproximando mais de países que são livres, democráticos e têm economias pujantes, não estamos afastando dos outros, mas a nossa prioridades são esses países efetivamente."

Duro crítico de governantes de esquerda, Bolsonaro ainda fez um afago ao presidente da Bolívia, Evo Morales, que estaria "evoluindo" e com quem o Brasil tem temas econômicos em discussão.

"Fiquei feliz com o Evo Morales... eu estou falando porque ele é um dos que estão aí da velha-guarda da esquerda no Brasil, mas está evoluindo. Quer comprar um avião KC-390 nosso, está preocupado em resolvermos a questão ali da aduana com o nosso Estado de Rondônia, temos o gás deles e queremos ampliar isso para facilitar a vida de quem quer empreender no Brasil", disse Bolsonaro.

(Por Alexandre Caverni, em São Paulo)