ECONOMIA
Itaú prevê perda de R$ 1,3 bilhão com Americanas, mas tem lucro recorde de R$ 30,8 bilhões em 2022
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
gilberto.cortes@jb.com.br
Publicado em 07/02/2023 às 19:55
Alterado em 07/02/2023 às 19:58

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país e 4º maior credor das Americanas, com R$ 2,9 bilhões, fez provisões de R$ 1,3 bilhão para as perdas da varejista no 4º trimestre encolhendo o lucro trimestral em (R$ 719 milhões) para R$ 7,668 bilhões, redução de 5,1% frente ao 3º trimestre. Ainda assim, o ganho acumulado de 2022 atingiu lucro recorrente recorde de R$ 30,786 bilhões, com aumento de 14,5% sobre 2021. O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido foi de 20,3%. Sem efeitos fiscais, o lucro foi de R$ 29,414 bilhões.
O Itaú Unibanco costuma apresentar no balanço as operações das filiais da América Latina (Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, sobretudo). Sem as operações das filiais, o lucro recorrente no Brasil ficou em R$ 28,201 bilhões. O banco fechou dezembro com provisões recordes de R$ 53,125 bilhões, dos quais, R$ 9,052 bilhões foram provisionadas no 4º trimestre.
E a divisão das atividades da holding no Brasil se dá em três níveis. No banco de varejo, o lucro recorrente do 4º trimestre atingiu R$ 2,864 bilhões, um aumento de 4,6% sobre o 3º trimestre. No banco de Atacado, o mais atingido pelas provisões para as Americanas, o lucro trimestral recorrente foi de R$ 4,255 bilhões, sofrente uma redução de 11,2% frente ao 3º trimestre.
E as operações de Tesouraria e da Corporação renderam apenas R$ 547 milhões, um aumento de modestos 0,4% frente ao trimestre anterior.
Inadimplência em alta
A inadimplência total do banco nas operações com atraso acima de 90 dias subiu para 2,9% (2,8% no trimestre anterior). Mas a decomposição da situação no Brasil mostra acentuado aumento nos atrasos das pessoas físicas, que saltou dos 3,8% em dezembro de 2021 para 4,94%, em dezembro do ano passado.
Já nas pessoas jurídicas, sobretudo entre as grandes empresas, a tendência era de declínio, dos 0,5% em dezembro de 2021 para 0,04% em dezembro passado. Mas as provisões para o calote das Americanas fizeram os atrasos dobrarem nessa para 0,08%. Já os atrasos das micro e pequenas empresas evoluiu de 2,3%, em 2021, para 2,4% no ano passado.
De onde vem o lucro
Segundo o relatório do próprio Itaú Unibanco, assinado pelo presidente Milton Maluhy Filho, o “lucro anual foi de R$ 30,8 bilhões, impulsionado principalmente pela expansão da carteira de crédito e da margem com clientes, além do crescimento das receitas em serviços e seguros”, que renderam R$ 48,591 milhões, um crescimento de 7,9% sobre o ano anterior.
Mas o banco também assinalou de onde podem vir as perdas: “no quarto trimestre de 2022, reconhecemos em nossas demonstrações os impactos provenientes de evento subsequente à data do fechamento relacionado a um caso específico de empresa de grande porte que entrou em recuperação judicial. Houve reforço na Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa para cobrir 100% da exposição, gerando um impacto de R$ 719 milhões no resultado recorrente gerencial”.