ECONOMIA

Previsão de alta tensão entre sócios da Light durante recuperação judicial da companhia

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
gilberto.cortes@jb.com.br

Publicado em 12/05/2023 às 19:17

Alterado em 13/05/2023 às 08:10

O empresário Nelson Tanure Reprodução

Os momentos que antecederam o pedido de Recuperação Judicial da Light, autorizada pelo TJ-RJ nessa quinta (11), foram frenéticos em troca de posições entre os acionistas da companhia que responde pela distribuição de energia elétrica em 31 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro e conta ainda com uma série de investimentos, como usinas hidrelétricas, em vários pontos do país.

Embora o ex-banqueiro Ronaldo Cezar Coelho continue como maior acionista (20,01%) através do Fundo de Investimentos em Ações Samambaia, o investidor Nelson Tanure aproveitou a desvalorização das ações (valiam R$ 5,49 em fim de novembro de 2022 e caíram até R$ 1,95 em 29 de março último) para, através da WNT Capital, ir ampliando sua posição, que estava em torno de 10%, com a compra, em 2022 da fatia do fundo americano Black Rock, para chegar até 15,21%, como 2º maior acionista, segundo informou a Light no dia 11 de maio. Na véspera da RJ, as ações tinham subido a R$ 4,65, mas hoje caíram 19,57% para R$ 3,74.

As trocas de posição mudaram a composição acionária da companhia. Há dois meses, Ronaldo Cezar Coelho e Carlos Alberto Sicupira (um dos sócios da 3G Capital), que detém 10,16% do capital via fundo Santander PB FIA, tinham um acordo de acionistas que lhes davam poder de mando na companhia com 30,16% das ações.

Entretanto, após as trocas de posições, Tanure ficou com 15,21%, que somados aos 7,16% do Tempo Capital, de Paulo Bodin, associado a Victor Adler, garante uma posição superior a 22,37%. A Tempo Capital já solicitou um assento no Conselho de Administração da Light. O que Tanure também irá reivindicar.

Mas o troca-troca foi capaz inverter o quadro acionário. No início de abril, apenas 47,5% das ações estavam em mãos de quatro grandes acionistas e 52,5% estavam bastante pulverizados. Agora, deu-se o inverso: quatro grandes acionistas detêm 52,54% das ações com direito a voto.

O equilíbrio do controle indica que pode haver muito contencioso nos próximos dois meses até a homologação da Recuperação Judicial. Há muitos investidores, como André Jakurski, da JGP, que tinha uma grande posição em debêntures da companhia, querendo interferir na proposta de RJ até sua homologação, para evitar entrar para o fim da fila no recebimento dos créditos. Na Americanas, há créditos que podem ser dilatados em mais de cinco anos.

 

Macaque in the trees
. (Foto: Reprodução)

 

Macaque in the trees
. (Foto: GMC)