Banco Central: Gabriel Galípolo descobriu que Roberto Campos Neto age para excluí-lo de entrevistas

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Por 'JORNAL DO BRASIL

Washington Costa/MF
Gabriel Galípolo integra o Copom

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, estaria agindo para boicotar as entrevistas concedidas pelos diretores do banco após a nomeação de Gabriel Galípolo, ex-número 2 do Ministério da Fazenda e nome alinhado ao presidente Lula (PT), à Política Monetária. A informação é da colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo.

A proposta de Campos Neto era condicionar as conversas com a imprensa à aprovação prévia do presidente do BC. Ou seja, a sua própria aprovação. A ideia já teria sido discutida com técnicos do banco. Neto foi indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para o cargo máximo da autarquia e tem travado embates públicos com Lula e aliados do primeiro escalão desde o início do mandato.

A autarquia, no entanto, afirma que os diretores têm liberdade garantida por lei e, portanto, o presidente não pode vetar eventuais entrevistas. A única regra é que eles não façam considerações sobre a taxa básica de juros, nem falem na semana que antecede a reunião do Comitê da Política Monetária (Copom).

A tentativa de Campos Neto teria elevado as tensões no Banco Central, uma vez que o recém-nomeado diretor Galípolo é abertamente a favor do corte da taxa básica de juros. Suas entrevistas exporiam o racha na autoridade.

Galípolo sacou a sabotagem

De acordo com o colunista Guilherme Amado, foi o próprio Gabriel Galípolo quem percebeu o boicote ao ver que a assessoria de imprensa do Banco Central não lhe repassava pedidos de entrevistas feitos por jornalistas. Segundo a publicação, profissionais da comunicação que procuravam o diretor do BC diretamente eram orientados a buscar a comunicação institucional para formalizar o pedido, mas tais solicitações acabavam não prosperando.

Ao receber retorno negativo da assessoria, os jornalistas tornavam a entrar em contato, dessa vez diretamente com Galípolo, para questionar o motivo dele não conceder a entrevista. O número 2, então, compreendeu o que se passava, já que sequer havia sido consultado.