ECONOMIA
Em 15 anos, pré-sal da Petrobras produz 5,5 bilhões de barris de petróleo e supera México, Noruega e Nigéria
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
gilberto.cortes@jb.com.br
Publicado em 01/09/2023 às 18:01
Alterado em 01/09/2023 às 18:01

Ao completar, neste sábado (2), 15 anos de produção, as gigantescas reservas de petróleo e gás do pré-sal deram tal ganho de produtividade à Petrobrás que esta área já responde por 78% da produção da empresa – e por mais de 1/3 da produção da América Latina – com 2,06 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) produzidos no 2º trimestre deste ano.
Desde que foi extraído o primeiro óleo no pré-sal do campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos, em 2008, até hoje, a produção naquela camada deu uma guinada, acumulando 5,5 bilhões de barris. Só a produção acumulada do pré-sal já ultrapassa o volume produzido por países com tradição no setor de O&G como México, Nigéria e Noruega. Se fosse um país, o pré-sal ocuparia o 11º lugar no ranking mundial dos produtores de petróleo.
A escala do pré-sal pode ser medida pelo uso concentrado das plataformas da Petrobras: dos 57 equipamentos operadas pela companhia, 31 estão no pré-sal, sendo 23 de forma dedicada – e produzem hoje um dos petróleos mais descarbonizados do mundo. Ao longo dos últimos 15 anos, o pré-sal se tornou uma das fronteiras petrolíferas mais competitivas da indústria global.
Em 2023, alcançou uma produção acumulada de 5,5 bilhões de barris de petróleo (concentrada nos três maiores campos em operação dessa camada: Tupi, Búzios – o maior do mundo em águas ultraprofundas – e Mero). Antes do pré-sal, a Petrobras levou 26 anos para extrair no pós-sal, em águas profundas e ultraprofundas, o patamar de 5,5 bilhões de barris.
Presente de 70 anos
“Os 15 anos de produção no pré-sal, no ano em que a Petrobras completa 70 anos de história, nos enchem de orgulho e alegria. Os resultados impressionantes que alcançamos nessa camada são a prova da criatividade, da inteligência e da capacidade de superação brasileira. Enquanto os céticos duvidavam e colocavam em xeque a viabilidade técnica do pré-sal, nossos petroleiros e petroleiras foram lá e fizeram”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
“Eles ousaram, desenvolveram tecnologia que não existia no mercado, junto com nossos parceiros e fornecedores, e transformaram uma fronteira até então desconhecida nesse gigante de produção em águas profundas. É uma jornada de sucesso sem precedentes no setor, com impacto positivo não só para a Petrobras, mas para a indústria global e a sociedade nas mais diversas frentes, com um legado valioso de conhecimento científico, tecnológico e intelectual”, complementou Prates.
Impostos recolhidos
A escala de produção do pré-sal se reflete em um volume expressivo de contribuições para sociedade brasileira: de 2008 até junho de 2023, a Petrobras pagou cerca de US$ 63 bilhões em participações governamentais – entre “royalties” e participações especiais – associadas diretamente à produção do pré-sal.
Além desse montante, outros US$ 63 bilhões foram pagos ao Estado brasileiro pela aquisição de blocos e direitos em ativos do pré-sal. Esses valores, somados (US$ 126 bilhões), evidenciam a dimensão do retorno do pré-sal para a sociedade civil.
Salto de produção
O 1º óleo do pré-sal foi produzido em 2 de setembro de 2008, no campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos. Desde então, a Petrobras experimentou um verdadeiro salto de produção naquela camada, estendendo sua atuação para o pré-sal da Bacia de Santos. Oito anos depois do óleo pioneiro, a produção operada (Petrobras + parceiros) acumulada no pré-sal alcançou a marca de 1 bilhão de barris. Em 2019, após 11 anos, ultrapassou o volume de 2,5 bilhões de barris, e em 2021, superou o patamar de 4 bilhões de barris – até chegar a 5,5 bilhões em julho de 2023.
Esse resultado foi alcançado graças ao desenvolvimento de tecnologias de última geração que mudaram os rumos do setor em águas profundas – e viabilizaram a produção num cenário até então inexplorado, com poços perfurados de mais de 7 mil metros de profundidade total – sendo 5 mil de profundidade terrestre e 2 mil de profundidade d´água - espessa camada de sal, além de alta temperatura, pressão e distância de 300 km da costa.
Margem equatorial
Apesar das possibilidades do pré-sal, ao mesmo tempo em que se envolve na transição energética – objeto de convênios com bancos chineses para abertura de linha de crédito de US$ 1,1 bilhão voltadas à descarbonização nas plataformas e refinarias, a Petrobras está atenta a novas frentes de exploração.
É exatamente com o acúmulo dessa experiência e avanços tecnológicos reconhecidos pela OTC, a maior organização mundial em tecnologia de petróleo, que a Petrobras quer se habilitar a prospectar petróleo na Margem Equatorial, no mar territorial do Amapá, a 160 km da costa, próximo à fronteira com a Guiana Francesa.
A região fica bem mais próxima da foz do rio Oiapoque. E poderia ser uma extensão das gigantes reservas descobertas por Suriname (antigas Guianas holandesas), que reproduzem as formações geológicas da Venezuela (dona das maiores reservas de petróleo do mundo). Entretanto, como a bacia sedimentar é chamada de Foz do Amazonas, cuja foz, efetivamente, está distante há mais de 500 km, há a crença, errônea, de que a área a ser prospectada pela Petrobrás está na Foz do Amazonas.
E mais ainda, se faz confusão com as decisões da Colômbia e do Equador de proibirem a prospecção de petróleo e gás em plena floresta Amazônia (que se estende por seus territórios). Seria, grosso modo, confundir a produção de petróleo na Nigéria, na costa africana do Oceano Atlântico, com a produção da Argélia, na costa do Mar Mediterrâneo. A distância entre Lagos e Argel é de 4.500 km. Entre Oiapoque e Quito (Equador) é de 5.500 km.