Presidente do Santander: 'Brasil pode entrar num ciclo virtuoso como não vemos em anos'

Para maior acionista do banco, ‘contas fiscais vão se equilibrar se Brasil for capaz de crescer’

Por GABRIEL MANSUR

Ana Botín é a dona do Santander

Enquanto a Faria Lima reage mal à admissão do presidente Lula de que o país não conseguirá zerar o déficit fiscal em 2024, a banqueira espanhola Ana Botín, presidente do conselho de administração do Santander, afirma que "o mais importante é o país voltar a crescer". De acordo com ela, "a América Latina está melhor que o resto do mundo e o Brasil pode entrar em um ciclo virtuoso não visto há anos".

"No Brasil, a redução do custo da dívida interna vai ajudar as contas fiscais. Podemos ter o cenário de o Brasil entrar em um ciclo virtuoso como não vemos em anos com uma moeda sólida, com baixa de juros e com espaço fiscal para simplificar o sistema tributário e poder investir mais", disse Ana, durante encontro com jornalistas da América Latina

Ana relembrou que o Banco Central brasileiro foi um dos primeiros a subir juros e já iniciou o processo de queda, o que pode favorecer as contas públicas. Questionada por jornalistas se há risco de o ciclo de cortes ser interrompido após o presidente sinalizar que pode abandonar a meta de zerar o déficit em 2024, Ana mostrou novamente otimismo.

"O Brasil vai crescer 3%. O mais importante é que voltemos a crescer. As contas fiscais vão se equilibrar se formos capazes de crescer, uma vez que existam receitas. O Brasil tem instituições fortes, não apenas o Banco Central, mas também políticas, com muitos "checks, and balances", como o Congresso. É um país que quase sempre chega a consensos", afirmou

Em uma apresentação na qual não deixou de reforçar a “importância de contas fiscais saneadas”, Ana Botín disse, porém, que há outras fontes de confiança:

"Não podemos apenas ver a parte fiscal isolada, porque a confiança vem dos “checks and balances” (pesos e contra-pesos) que o país tem e também vem do crescimento e da possibilidade de investimento, além do trabalho que o Brasil já fez na melhora da produtividade.

Ana também destacou que o Brasil tem inflação controlada, uma matriz energética limpa considerada uma vantagem competitiva e fez reformas digitais, como o Pix, que podem aumentar a produtividade. "Nossa perspectiva é muito positiva em relação ao Brasil", concluiu