ECONOMIA
Meta da equipe econômica é voltar a ter selo de qualidade de agências até fim do mandato
Por ECONOMIA JB com Agência Estado
[email protected]
Publicado em 16/09/2024 às 06:02
Alterado em 16/09/2024 às 07:22
Por Célia Froufe - O Ministério da Fazenda vê um pessimismo exagerado das agências de rating com a área fiscal brasileira e promete “cobrar” uma melhora das notas do País a partir do ano que vem, quando se saberá, segundo técnicos da Pasta, que o resultado das contas públicas de 2024 “surpreendeu”. O assunto veio à tona na quinta-feira, 12, porque, enquanto a Fitch Ratings comandava um evento sobre temas ligados a grau de investimento em São Paulo, representantes da concorrente Moody´s se reuniam por videoconferência com integrantes do Ministério da Fazenda, incluindo o titular da Pasta, Fernando Haddad.
A meta da equipe econômica é voltar a ter o selo de qualidade dessas agências até o final do mandato. Todas até aqui – além da Moody´s e Fitch, a S&P completa o trio das maiores do ramo – têm mostrado surpresa com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico. É praticamente a mesma linha vista no mercado financeiro e até com os próprios agentes do governo. Unanimemente, também apontam a área fiscal como a pedra no sapato da atual administração.
Por isso, os representantes brasileiros têm reforçado em conversa com as agências os pontos positivos da economia, como o nível baixo de desemprego e inflação sob controle, além da aprovação da reforma tributária, e prometido que 2025 será o ano em que mostrarão a importância que dão à qualidade das despesas. Questões ambientais também passaram a fazer parte da pauta e, se o Plano de Transformação Ecológica ainda encanta como potencial futuro, o grande volume de queimadas atualmente em boa parte do território nacional deixa um pé atrás.
No evento aberto, a Fitch deixou claro que o cenário-base da empresa não indica aumento de nota para o Brasil. O que pode melhorar as expectativas seria a entrega de um resultado primário robusto, mas elas dão conta atualmente de uma elevação do endividamento nos próximos anos, conforme avaliou o diretor da Fitch no Brasil, Rafael Guedes, ao Broadcast.
Apesar dos discursos otimistas do governo, para a Fitch, porém, o País não será capaz de entregar a meta de déficit de 0,25% em 2024. A expectativa é de um rombo de 0,70% nas contas deste ano, porcentual que é visto como exagerado pela equipe do Ministério da Fazenda. Integrantes da Pasta entendem essa percepção como uma oportunidade no sentido de que, entregando um resultado melhor do que o previsto pela agência, terão condições de cobrá-la para que essa surpresa no fiscal se reverta em revisão da nota do País no início do ano que vem. Na pesquisa Focus, a mediana para este ano segue em 0,60%.