ECONOMIA
Setor de telecom investiu R$ 24,5 bi até setembro e deve ter fechado 2024 com R$ 35 bi
Por ECONOMIA JB com Agência Estado
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Publicado em 07/01/2025 às 07:34
Alterado em 07/01/2025 às 07:34
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Passado o pico da implantação do 5G, os investimentos das empresas de telecomunicações no Brasil caíram ao longo do ano passado, mas ainda assim estão entre os maiores da cadeia produtiva nacional. Os investimentos somaram R$ 8,5 bilhões no terceiro trimestre de 2024, recuo de 6,6% na comparação com o mesmo período de 2024. No acumulado de janeiro a setembro de 2024, os investimentos totalizaram R$ 24,5 bilhões, baixa de 4,7% em relação aos mesmos meses de 2023.
O levantamento foi feito pela Conexis Brasil Digital, associação que reúne as maiores operadoras, e antecipado pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Os números dizem respeito às teles nacionais, provedores regionais e fabricantes de equipamentos. Os dados já são corrigidos pela inflação.
Os investimentos das empresas foram voltados, principalmente, para expandir a infraestrutura de 5G e para a ampliação das redes de fibra ótica. Atualmente, 94% das cidades com mais de 100 mil habitantes já têm o sinal do 5G ativado. O foco da expansão agora está no interior do País, especialmente nos municípios com menos de 100 mil habitantes.
O menor volume de investimentos do setor na comparação com 2023 se deve ao fato de que o pico de aportes na implementação do 5G ocorreu entre 2020 e 2022, já tendo sido ultrapassado. "A partir de agora, o investimento passa a ser mais próximo do habitual", estimou o presidente da Conexis, Marcos Ferrari, em entrevista.
A expectativa é que os investimentos no acumulado de 2024 tenham ficado em R$ 35 bilhões, 3% menos que no acumulado de 2023, disse ele.
O presidente da Conexis destacou que, apesar do leve recuo, o setor de telecomunicações continua sendo o terceiro que mais investe no País, atrás apenas da indústria de petróleo e energia.
Faturamento fica estável, mas com performances dissonantes
Por sua vez, a receita bruta do setor alcançou R$ 73,2 bilhões no terceiro trimestre de 2024 e totalizou R$ 215,5 bilhões no acumulado do ano até setembro - números estáveis na comparação anual. Os valores aqui também já são corrigidos pela inflação.
O levantamento da Conexis apontou que a performance foi dissonante em cada segmento de mercado de telecomunicações.
A telefonia e internet móveis - principais segmentos do mercado - tiveram ampliação de 3,8% na receita bruta no acumulado do ano até setembro, para R$ 96,2 bilhões. Nesse período, o total de celulares ativos aumentou 3,7%, para 262 milhões.
Também houve aumento na receita no mercado de banda larga, com alta de 1,9%, alcançando a cifra de R$ 69,8 bilhões. Aqui, o total de assinantes subiu 6,0%, chegando a 50,8 milhões.
"Vemos expansão da receita de telefonia móvel e da banda larga, que são os serviços mais demandados pela população", apontou Ferrari, prevendo que o faturamento desses mercados continue avançando ao longo de 2025.
O presidente da Conexis observou ainda que há migração dos clientes de 4G para o 5G, tendência que prevalecerá ao longo dos próximos meses. "Na hora de trocar o celular, as pessoas devem mudar para a nova tecnologia. Já tem celulares 5G por menos de R$ 900 no mercado, um valor mais acessível", citou Ferrari.
Atualmente, os acessos 5G representam 14,4% das conexões móveis, praticamente o dobro do ano anterior, quando estavam em 6,9%. Por sua vez, os acessos 4G são 78,1% do total enquanto no ano anterior estavam em 84,1%.
Na contramão, a receita do mercado de TV por assinatura caiu 19,2% no acumulado do ano até setembro, para R$ 13,5 bilhões, explicada, principalmente, pela perda de clientes para as plataformas de streaming de vídeo nos últimos anos. No fim de 2024, havia 8,6 milhões de clientes de TV por assinatura, contra 11 milhões em 2023, e 15,1 milhões em 2020.
A receita da telefonia fixa baixou 9,2%, para R$ 9,9 bilhões, dando continuidade à tendência de redução nas ligações de voz. A telefonia fixa tinha 22,9 milhões de clientes no fim de 2024, ante 25,8 milhões em 2023, e 30,7 milhões em 2020 - dados que evidenciam como o serviço tem caído em desuso.
Por sua vez, a indústria de equipamentos (antenas, cabos, transmissores e afins; não inclui celular) viu a receita recuar 4,1%, para R$ 27,9 bilhões, acompanhando a queda nos investimentos das operadoras com o 5G. "É um recuo natural, uma acomodação", avaliou Ferrari.