Bradesco projeta alta próxima de 7,2% para inflação de alimentos em 2025; Haddad diz que acredita 'até' em filé mignon
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Apesar da tendência de clima mais favorável para a agricultura, o Bradesco prevê a inflação de alimentos próxima a 7,2% neste ano, levando em conta o efeito da queda dos abates nos preços das proteínas.
Em relatório assinado pela analista Mariana Freitas, o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco observa que a alimentação no domicílio foi o grupo que mais surpreendeu na inflação do ano passado. O IPCA terminou 2024 marcando 4,8%, acima dos 3,6% previstos pelo Bradesco no início do ano, tendo como premissa, na época, um arrefecimento da economia e alguma apreciação cambial.
Porém, além da resiliência na atividade econômica, a inflação foi afetada pela depreciação de 27% do real. Também houve choques climáticos - que, além do impacto nas lavouras, levaram a cobranças adicionais nas tarifas de energia - e uma deterioração rápida das expectativas, lembra a analista do Bradesco.
Para 2025, parte importante do choque cambial ainda pressionará núcleos, sobretudo no primeiro trimestre. Porém, prevê o Bradesco, junto com o cenário climático próximo da neutralidade, o maior nível de restrição monetária já observado, com o juro real podendo chegar próximo de 10%, tende a contribuir, na ausência de novos choques, para a desaceleração do crescimento, com consequente redução da inflação.
O cenário para energia elétrica e gasolina é bastante incerto, avalia o Bradesco. O banco não prevê, por ora, reajuste nos combustíveis, mas pondera que a defasagem da gasolina e do diesel em relação aos preços internacionais levanta a dúvida sobre o comportamento dos preços no curto prazo. Já para a energia elétrica, a expectativa é de reajuste médio próximo a 3%, e nenhum efeito de bandeira tarifária.
Podemos chegar a 2026 comendo até filé mignon, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o Brasil está bem posicionado, diante de um cenário externo desafiador, e que deve chegar a 2026 em uma situação confortável. Ele concedeu uma entrevista à GloboNews.
“Eu acredito que nós podemos chegar bem em 2026. Espero que comendo até filé mignon”, disse o ministro, em resposta a um questionamento sobre se o governo encerraria essa gestão com picanha no prato do brasileiro, como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad avalia que o Brasil está mais bem posicionado do que os vizinhos, diante de um cenário internacional incerto, a depender das medidas a serem tomadas no futuro governo de Donald Trump. Ele destacou que o acordo entre Mercosul e a União Europeia (UE) pode ser interessante para as perspectivas da região e mencionou a liderança do Brasil nesse processo.
Para o ministro, o país precisa se beneficiar das vantagens competitivas que tem, além de aproveitar novas regulamentações, como crédito de carbono, combustível do futuro e nova indústria Brasil, que são programas bem estruturados para alavancar o desenvolvimento do Brasil.
Crise climática, dólar e inflação de alimentos
Haddad disse acreditar que vai haver uma acomodação do dólar e argumentou que o governo está atento à inflação de alimentos. “Tem sazonalidade, tem problemas climáticos, tem escorregada do dólar, tudo isso é verdade, mas tem o governo trabalhando para minorar o problema e resolver estruturalmente com a reforma tributária”, afirmou o ministro, citando a aprovação da reforma tributária sobre o consumo que prevê a inclusão das carnes na cesta básica desonerada.
Segundo Haddad, o Ministério da Agropecuária está trabalhando para fazer com que os preços dos alimentos se acomodem em patamar menor, como aconteceu em 2023.
“Tivemos no ano passado inundação que alagou um estado inteiro, que é um estado fortemente produtor de alimentos. Hoje tem matéria já mostrando que o IGP DI aponta que a inflação de alimentos começa a ceder, isso pode demorar um tempo ainda, pode demorar, mas o ministério da agropecuária está trabalhando para fazer com que preços se acomodem em patamar menor como aconteceu em 2023”, concluiu Haddad.