ECONOMIA
Petrobras faz duas descobertas em uma semana; resultados 'excepcionais'
Por ECONOMIA JB com Agência Estado
redacao@jb.com.br
Publicado em 28/03/2025 às 08:00
Alterado em 28/03/2025 às 08:00

Por Denise Luna - Com intervalo de apenas uma semana, a Petrobras anunciou duas importantes descobertas de petróleo – uma na bacia de Santos (Aram) e outra na bacia de Campos (Norte de Brava) -, confirmando as ambições declaradas pela presidente da estatal, Magda Chambriard, de que a empresa voltaria a buscar petróleo no Brasil depois de poucas tentativas nos últimos anos. Segundo fontes da companhia, as descobertas “são excepcionais”.
A verdade por dentro dos poços perfurados nas duas bacias será conhecida em até 60 dias, avaliou uma fonte pedindo anonimato. A descoberta de um reservatório de petróleo passa por alguns procedimentos de governança, explicou a fonte, sendo necessário primeiro comunicar à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e depois ao mercado via Comissão de Valores Mobiliários.
De acordo com o gestor da Warren Brasil, Frederico Nobre, apesar de ser uma notícia positiva para a empresa, ainda não é possível saber o tamanho da descoberta. Mas mostra que a Petrobras voltou a focar no que realmente interessa a uma petroleira.
"No final do dia, é a Petrobras focando no que deveria focar, que é a exploração e produção de petróleo no pré-sal", avaliou. "É óbvio que a gente não sabe ainda o tamanho, o potencial, porque ainda são dados preliminares. Mas eu acho que mostra ou reforça o compromisso da Petrobras de focar no pré-sal, que é onde ela ainda tem bastante oportunidades para rampar (aumentar) a produção nos próximos cinco anos", complementou.
As ações da companhia operavam em alta nesta terça-feira, 25, mesmo com o petróleo em queda. De acordo com Nobre, apesar de ajudar no otimismo com a empresa, outros fatores estão ajudando o papel, como o bom humor para ativos emergentes e a entrada de investidores estrangeiros. Segundo ele, o que deve mexer significativamente com a ação da estatal será a concessão da licença ambiental para exploração na Margem Equatorial.
"Eu acho que a Margem (Equatorial) pode fazer um pouco mais de preço. Porque esse imbróglio já está durando algum tempo. E parece que agora, quando Lula (presidente da República) e a Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente) voltarem do Japão, deve ter uma reunião com o Silveira (Alexandre, ministro de Minas e Energia), com os outros ministros e com o Ibama, e pode ter alguma novidade", avaliou.
Há tempos os investidores não viam anúncios como as descobertas nas duas bacias, que podem aumentar as reservas da empresa e talvez ajudar a evitar que o Brasil volte a ser dependente de importação de petróleo a partir de 2030, quando é esperado o declínio dos atuais campos do pré-sal. O último anúncio de descoberta havia sido feito em maio do ano passado, porém na Colômbia, e de gás natural.
“Temos que esperar para saber o tamanho e as características do óleo, mas é sempre importante para a Petrobras estar descobrindo”, disse ao Broadcast o analista da Ativa Investimento, Ilan Arbetman. “As reservas provadas hoje durariam pouco mais de uma década, segundo a última certificação de reservas, então é fundamental continuar expandindo a exploração, tanto nas bacias já operadas como nas novas, como a Margem Equatorial”, acrescentou.
Margem Equatorial
As descobertas de março, porém, não anulam o esforço da estatal para explorar a Margem Equatorial, cuja licença ambiental era prevista para o final do primeiro trimestre. Também não tira o apetite da Petrobras para o leilão da ANP, marcado para ocorrer em junho, depois de ter ficado fora do leilão da agência em 2023. Após alguns anos sem priorizar a exploração, a estatal voltará com força nos leilões, segundo uma fonte próxima ao assunto.
A mudança se deve ao entendimento da presidente da estatal de que qualquer gota de petróleo importa, e, segundo as fontes, ao fato da diretoria de Exploração e Produção estar sendo ocupada por uma geóloga, Sylvia Anjos, que ao contrário dos engenheiros que a antecederam, tem como foco principal a busca de reservatórios. Aram, por exemplo, teria um grande novo reservatório, o que ainda precisa ser confirmado.
“Voltamos a trabalhar para o futuro, estavam sugando tudo (petróleo) e não explorando mais nada”, disse uma fonte, em referência ao acelerado ritmo de produção sem tentar repor as reservas que estavam sendo usadas.
De acordo com o Plano Estratégico 2025-29 da Petrobras, a área de Exploração receberá investimentos de US$ 8 bilhões no período, com previsão de perfurar 51 novos poços, sendo 25 no sul e sudeste; 15 na Margem Equatorial e 11 fora do País.