Desempenho do varejo brasileiro é o melhor desde 2004

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REUTERS

RIO - As vendas no comércio varejista cresceram no ano passado e garantiram o melhor desempenho registrado pelo setor desde 2004. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, as vendas ficaram 6,2 por cento maiores que no ano anterior. As receitas nominais cresceram 7,3 por cento. Em 2004, o crescimento anual das vendas foi de 9,3 por cento.

O desempenho do comércio ficou bem acima do exibido pela indústria, que cresceu 2,8 por cento no ano passado - o pior resultado desde 2003, de acordo com dados do IBGE anunciados no início do mês. Para Reinaldo Pereira, responsável pela pesquisa de varejo do IBGE, o descasamento entre comércio e indústria reflete o aumento da comercialização de produtos importados, que têm entrado no país em ritmo mais forte.

- Acredito que a valorização do câmbio tenha contribuído para essa diferença. As exportações ficam mais caras, fica mais difícil para a indústria vender lá fora, e com isso a produção cai - afirmou Pereira.

Ao longo do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comércio registrou crescimento médio anual de 4,03 por cento, enquanto a indústria avançou 3,5 por cento. Analistas já esperavam um resultado forte para as vendas do comércio brasileiro. O dado ficou em linha com a média de projeções coletadas. O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o que mais contribuiu para o resultado. O segmento registrou aumento de 7,6 por cento no volume de vendas no ano passado, o que o levou a responder por mais da metade da taxa global do varejo em 2006.

Apesar do bom resultado anual, as vendas do setor caíram de novembro para dezembro, o primeiro recuo em quatro meses. O volume comercializado no último mês de 2006 ficou 0,5 por cento menor que no mês anterior. A receita no período caiu 0,3 por cento. Mas o IBGE considera que a tendência de crescimento do setor, que começou a ser observada a partir de agosto, se manteve, embora com perda de ritmo. Para o economista Fernando Fenólio, da Rosenberg & Associados, a queda mensal já era esperada.

- Ocorreu uma antecipação de consumo, principalmente em setembro e outubro, devido ao pagamento antecipado do 13º salário do funcionalismo público - afirmou.

Na comparação com dezembro de 2005, as vendas cresceram 5,7 por cento. As receitas, por sua vez, subiram 5,5 por cento.

- A expansão firme de vendas no segmentos hipermercado, móveis e eletrodomésticos confirma que as vendas no varejo seguem puxadas por renda e crédito - avaliou Fenólio.

- Acredito que o ritmo positivo se mantém neste início de ano. Vetores de consumo ainda são bem robustos. Emprego vai bem, inflação baixa aumenta o poder de compra e o real apreciado aumenta o valor real dos salários.