Grãos no atacado ajudam a desacelerar IGP-DI

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SÃO PAULO, 7 de novembro de 2007 - A forte desaceleração do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) em outubro teve grande contribuição das matérias-primas brutas como soja, trigo e milho que já começam a refletir a queda nos preços dessas commodities no mercado internacional, explica o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "As elevações dos preços de produtos agrícolas no atacado em agosto e setembro começam a amenizar, refletindo a boa safra dos Estados Unidos que deve ajudar a repor os estoques internacionais", analisa.

Segundo ele, aliado a isso, a volta das chuvas também trouxe novo animo aos produtores, que voltaram a apostar em uma safra melhor para 2008. "A expectativa para safra do ano que vem estava muito ruim devido a estiagem, mas agora com o início do período de chuvas essa perspectiva melhorou. Isso ajuda a desacelerar os preços", lembra.

No entanto, o professor acredita que a desaceleração do Índices de Preços por Atacado (IPA) poderia ter sido maior caso o preços dos itens in natura, como feijão e batata inglesa, tivessem diminuído. "Os in natura permaneceram em alta refletindo a estiagem em várias regiões brasileiras. Porém, esse é um comportamento normal já que os produtos in natura costumam sofrer alternâncias fortes devido as condições climáticas", destaca.

Outra contribuição para o recuo do IGP-DI partiu do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), por conta da desaceleração no grupo habitação, já que a tarifa de água e esgotou - um preço administrado importante para o índice - deixou de exercer pressão sobre o indicador. "A tendência é de que essa categoria de despesas mantenha esse ritmo de desaceleração já que o Rio de Janeiro, segundo maior peso para o IPC, terá redução de 5% no custo da energia elétrica", conta Quadros.

O professor acredita que em novembro o IGP-DI mantenha o ritmo de queda influenciado pelo recuo de preços de alimentos no atacado e de habitação ao consumidor, mas prefere não projetar uma taxa. Já o mercado aposta em uma alta de 0,35%, segundo última sondagem realizada pelo Banco Central (BC) contida no Boletim Focus.

(Vanessa Stecanella - InvestNews)