Cautela restringe giro, mas dólar fecha com leve baixa
Contribuiu com a baixa os números acima do previsto nas vendas ao varejo dos EUA em março, já que cerca de 60% do consumo interno é o que movimenta a economia. Mas motivos não faltam para um tom mais conservador, a começar pelo início da temporada de balanços nos EUA, o que deixa o mercado mais volátil. A exemplo da General Eletric na semana passada, o banco Wachovia também anunciou perdas. No primeiro trimestre, o quinto maior banco dos EUA em valor de mercado teve prejuízo líquido de US$ 350 milhões. Esta semana reserva importantes resultados: JP Morgan Chase (quarta), Merrill Lynch (quinta) e Citigroup (sexta).
Além disso, os dados de atividade como produção industrial e indicadores antecedentes e os de inflação, como PPI e CPI, devem ratificar a avaliação que os EUA atravessam por uma recessão, o que inspira ainda mais cautela. Aqui, o ponto alto da agenda é a decisão de política monetária do Copom. Espera-se o primeiro aumento da Selic desde 2005.
Para Sidnei Nehme, economista-chefe da NGO Corretora, uma coisa é certa: com a elevação dos juros, amplia-se ainda mais a tendência de valorização do real frente ao dólar, seja pelo afluxo de investimentos especulativos, seja pelo incremento das operações derivativas de arbitragens no ambiente da BM&F envolvendo ou não efetivo ingresso de recursos estrangeiros no país.
O especialista avalia que a decisão de juros maiores, se concretizada, será positiva no combate às pressões inflacionárias, mas desfavorável para as exportações brasileiras, devido aos reflexos na balança comercial, uma vez que incentiva as importações e também pode provocar um aumento do déficit em conta corrente. O Copom se reúne entre amanhã e quarta e ao final do expediente anunciará sua decisão. As apostas continuam divididas entre corte de 0,25 e 0,50 ponto.
A balança brasileira apurou superávit de US$ 319 milhões na segunda semana de abril, acumulando no ano US$ 3,998 bilhões - número 62% inferior se comparado com o mesmo período de 2007. Neste intervalo, as exportações cresceram 14,1% e as importações saltaram 41,4%.
Por volta das 12 horas o BC interveio no mercado de câmbio para enxugar a liquidez e reforçar as reservas internacionais. A taxa fixada foi de R$ 1,6813.
(Simone e Silva Bernardino - InvestNews)